Lisboa e Porto não vão ter fan zones como protesto pela violação dos direitos humanos no Qatar?

Frente Cívica afirmou que as duas grandes autarquias não iam ter espaços para adeptos do Mundial do Qatar como forma de marcar posição

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O Mundial arranca no domingo Reuters/MARKO DJURICA

A frase

Consideramos imorais e ilegítimos quaisquer gestos de legitimação, e até de celebração, desta barbárie civilizacional. Foi por isso que, também na sequência de um repto lançado pela Frente Cívica, as Câmaras de Lisboa e do Porto fizeram saber que não instalariam nos seus espaços públicos quaisquer fan zones ou áreas para visualização colectiva dos jogos, na senda de decisões semelhantes já tomadas por inúmeras cidades europeias.

Carta da Frente Cívica

O contexto

A associação Frente Cívica enviou esta semana uma carta ao Presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro criticando o Mundial do Qatar devido ao desrespeito pelos direitos humanos do regime daquele país e apelando aqueles responsáveis políticos para que não se desloquem ao evento. No mesmo documento, a associação dizia que “na sequência de um repto lançado pela Frente Cívica, as câmaras municipais de Lisboa e do Porto fizeram saber que não instalariam nos seus espaços públicos quaisquer fan zones ou áreas para visualização colectiva dos jogos”.​

Os factos

Fonte oficial da Câmara do Porto confirma ao PÚBLICO que não serão montadas na cidade zonas para os adeptos assistirem aos jogos do Mundial do Qatar. Mas, segundo a mesma fonte, esta escolha não passa só pela vontade de se marcar uma posição contra o “desrespeito pelos direitos humanos”, nem responde a um repto lançado pela Frente Cívica. Os ecrãs gigantes não serão instalados, também, por força do clima chuvoso típico desta época do ano e porque o calendário dos jogos entra em choque com o horário laboral dos portuenses (os jogos de Portugal na primeira fase do campeonato são às 16h, 19h e 15h). A Câmara de Lisboa também adianta que não haverá fan zones na capital. Só que os motivos não são claros: “Avaliados os cenários, foi decisão da CML não criar nenhum espaço oficial na cidade para acompanhamento do Mundial do Qatar”, limita-se a explicar membro do gabinete da presidência da autarquia.

Em resumo

É certo que as habituais zonas de adeptos montadas nas duas cidades por altura dos maiores torneios de selecções de futebol não serão montadas durante o Mundial do Qatar. Ao mesmo tempo, também é certo que não é apenas pela questão do desrespeito pelos direitos humanos que as fan zones não serão instaladas. No caso do Porto é apenas um dos motivos. Já em Lisboa as razões não são claras. Nesse sentido, a afirmação da Frente Cívica é parcialmente verdadeira.

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