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O Rio Tinto podia ser de Marte, mas está mesmo aqui ao lado

A série de fotografias Sonhando em Vermelho valeu ao português Luís Afonso o segundo lugar na categoria Projecto dos Natural Landscape Photography Awards. O cenário, diz, é uma "fonte de inspiração e de criatividade".

Fotografia da série Sonhando em Vermelho Luís Afonso
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Fotografia da série Sonhando em Vermelho Luís Afonso

Foi lá uma e outra e mais outra vez. Nas primeiras vezes que esteve no Rio Tinto — nasce perto de Nerva, na província espanhola de Huelva, e vai desaguar no Rio Odiel, cem quilómetros mais a sul, já na Ria de Huelva, a escassos metros do Atlântico —, "a excitação foi tanta" que Luís Afonso deixou fotos por fazer. Na verdade, nas visitas seguintes ficaram sempre fotos por fazer, um pretexto excelente para voltar uma e outra vez. Começou por fotografar "pequenas cenas mais íntimas", centradas na água ou nas margens coloridas do rio, para evoluir para planos "cada vez mais abertos". Na sua última visita, em Dezembro de 2021, fez questão de mostrar ambas as margens numa só fotografia.

A série completa valeu-lhe o segundo lugar na categoria Projecto dos Natural Landscape Photography Awards. À sua frente, e entre 252 projectos a concurso, ficou apenas o projecto fotográfico do norte-americano Brent Clark

"O Rio Tinto é um curso de água muito especial", explica à Fugas o autor do trabalho predominantemente de cor vermelha, graças à decomposição de minerais que contêm sulfetos de metais pesados e que podem ser encontrados em depósitos ao longo do rio.

"Durante muitos anos pensou-se que nenhuma forma de vida pudesse ser encontrada naquelas águas. Recentemente, estudos revelaram a presença de alguns microorganismos, razão que levou a NASA a escolher este local para estudar possíveis semelhanças com o ambiente do planeta Marte", sublinha o fotógrafo, programador do Imaginature e formador no projecto Primeira Luz.

A pouca distância da nascente do rio, existe uma das maiores minas a céu aberto do mundo, a Corta Atalaya. Mas "a coloração do rio", explica o português, é "totalmente natural e não proveniente de qualquer poluição ou da contaminação gerada pela indústria de extracção mineira presente ao longo de vários terrenos adjacentes ao rio".

Em termos fotográficos, "o Rio Tinto é uma fonte de inspiração e de criatividade para qualquer autor. As cores, as texturas e as formas são ilimitadas, fazendo-nos crer que estamos efectivamente noutro planeta." Luís Afonso procurou apresentar fotografias com um "duplo significado". "Às vezes, o universo pode ser convocado numa imagem de um rio e os meteoritos e as estrelas podem tomar o lugar dos peixes e das ondas. A realidade é uma miragem em Rio Tinto. Os céus são feitos de espuma e a paisagem é tomada de assalto pelo sangue que corre no rio. Nada é familiar quando estamos no 'planeta vermelho'."

Veja aqui as impressionantes imagens de outros fotógrafos distinguidos no concurso.

Fotografia da série Sonhando em Vermelho
Fotografia da série Sonhando em Vermelho Luís Afonso
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Fotografia da série Sonhando em Vermelho Luís Afonso
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Fotografia da série Sonhando em Vermelho Luís Afonso
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Fotografia da série Sonhando em Vermelho Luís Afonso
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Fotografia da série Sonhando em Vermelho Luís Afonso
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