Cartas ao director

Os pedidos dos politécnicos

Os movimentos nos politécnicos com vista a obter uma autorização para outorgarem doutoramentos e passarem a ter o nome universidade na sua designação tem duas origens: (i) os professores, que querem uma graduação universitária, julgando que lhes será aplicado mais tarde ou mais cedo o estatuto de pessoal docente das universidades, e (ii) as câmaras municipais que querem ter uma universidade na sua terra. Repare-se que em Lisboa, Porto, Aveiro, Coimbra e Faro, não há destes pedidos pelas “populações”, nem as empresas das regiões (ou mesmo os diplomados) onde existem politécnicos fizeram ver que tal era uma necessidade, ou os diplomados se queixaram de que não podiam “ascender socialmente”.

Julgo que estas reivindicações aparecem hoje porque se cometeu um erro, pois o recrutamento de docentes nos politécnicos com doutoramento foi realizado sem se cuidar que os temas dos seus doutoramentos eram de carácter politécnico “ou de aplicação” ao tecido económico e social. O estatuto do pessoal docente dos politécnicos é claro neste campo...

Ricardo Charters-d'Azevedo, São Pedro do Estoril

Radares, multas e excessos

Creio pertencer aos muitos milhares de automobilistas que, nos últimos meses, terão recebido multas por excesso de velocidade em zonas da cidade de Lisboa com radares. No meu caso já foram três, de Fevereiro até hoje, sempre por ir a 70 em vez de 50km/h, 120 euros de cada vez. Na notificação da Polícia Municipal vem a fotografia bem ao longe do carro, sem nada à volta e, ao lado, apenas a matrícula aumentada. Perante os dados do radar, não me atrevo sequer a considerar a hipótese de embirração dos polícias, nem dos que vêem (sempre uma única testemunha), nem do que assina a notificação (sempre o mesmo). Acresce que a carta registada chega sempre muitas semanas depois, ultimamente mais de dois meses depois. Fica o cidadão completamente indefeso, só lhe restando pagar, que foi o que sempre fiz.

Interrogo-me: se este comportamento das autoridades rodoviárias é igual para todos, imagino que multem milhares de automobilistas por dia, basta observar o que se passa quando conduzimos na cidade no dia-a-dia. A polícia já deve ter enchido e transbordado os seus cofres. Não seria boa ideia sabermos, de forma pública, qual o uso que é dado a tais quantias? Seria, ao menos, uma pequena consolação perante excessos como este que acabo de relatar.

Teresa Seruya, Lisboa

O problema é o funcionalismo...

A imprensa noticiou por estes dias ter uma senhora ministra contratado para assessor um jovem acabado de se licenciar, a quem foi atribuída uma remuneração generosa. Em princípio, e por aplicação do brocardo que fala do bispo e do cão, isto não seria notícia; mas é-o, pelos efeitos nefastos que pode ter no funcionalismo. Na verdade, os funcionários públicos deveriam pensar assim: “Se o jovem, a entrar no mercado de trabalho, foi certamente contratado para arrumar os papéis que a ministra deixa cair no chão e vai ser remunerado daquela forma, então é porque vamos ser todos aumentados!”

Todavia, mercê de uma mentalidade cuja origem não se compreende, os funcionários raciocinam de outra forma e ficam logo desconfiados de que o jovem assessor em breve franqueará a equídea porta reservada ao pessoal do partido que em cada época governa e, por assim dizer, assentará praça como general, enquanto a generalidade do funcionalismo não irá além de praça. E em consequência, tenderão a achar não valer a pena investir com muito afinco na função que se diz pública, justamente por ser devida ao público, que somos todos nós. Com os efeitos nefastos advenientes.

Sérgio Tovar de Carvalho, Lourinhã

Twitter vintage

Ultimamente temos visto que o futuro passa por um regresso. Seja em que área for, utilizamos a bonita expressão vintage, ou utilizamos o analógico. Mas mais não é do que um reconhecimento de que a roda que estava inventada afinal ainda nos serve! Vem isto a propósito do que se tem passado com o Twitter. Se é que alguém já sabe o que se passa por lá, para além de o Musk ter comprado a rede social, entrado na sede da empresa com um lavatório ao colo e de já ter anunciado que o teletrabalho acabou.

Parece que Musk e o conhecido autor da saga da Guerra dos Tronos se envolveram numa troca de ideias acerca daquele visto azul, a chamada “conta verificada”, e que poderá passar a requerer um pagamento mensal na ordem dos oito dólares. Poderá ser o princípio do fim desta e quem sabe de outras redes sociais. Para quem gosta de escrever, o vintage poderá passar pelo blogue. Ainda se lembram do que a blogosfera nos oferecia?

Pedro Perdigão, Lousada

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