Adriano Moreira: mais uma voz do humanismo cristão

Aliás, África, a educação e a defesa justificada de Portugal e da língua portuguesa no mundo são traços dominantes no seu percurso como homem, político, pedagogo, académico, e que constitui uma grande referência moral e cívica, por quem todos tinham o maior respeito.

Jovem universitária e militante activa da Juventude Universitária Católica (JUC), assisti a algumas conferências do Professor Adriano Moreira, que, naquela época, era, também, mais uma voz do humanismo cristão.

Memória viva guardo, ainda, da Primeira Exposição Bibliográfica depois do Concílio Vaticano II que, a pedido das direcções das Juventudes Universitárias Católicas (JUC e JUCF), realizámos na Sociedade de Geografia de Lisboa, com total apoio e disponibilidade do seu presidente, o Professor Adriano Moreira. Relembro, ainda, as suas intervenções na Academia das Ciências (onde actualmente dirigia o Instituto de Altos Estudos), bem como o seu percurso decisivo na criação do actual Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), do qual foi presidente.

E, na Faculdade de Direito, tive o privilégio de viver uma grande mudança a nível legislativo: o ministro do Ultramar de então, o Professor Adriano Moreira, tinha tido a coragem de abolir o Estatuto do Indígena, pondo termo a uma situação absolutamente chocante e indigna de menoridade cívica inaceitável.

Mas África deve-lhe, ainda, para além de um afecto e atracção especial, a aprovação de um Código de Trabalho Rural, realmente inovador na altura, assim como a criação das universidades de Luanda e Lourenço Marques, universidades que, como diz, citando o Padre Manuel Antunes, são um “passado com futuro”.

Aliás, África, a educação e a defesa justificada de Portugal e da língua portuguesa no mundo são traços dominantes no seu percurso como homem, político, pedagogo, académico, e que constitui uma grande referência moral e cívica, por quem todos tinham o maior respeito.

Um outro traço personalizante do pensamento e da acção política do Professor Adriano Moreira, que, sobretudo o meu marido, e eu também, temos defendido e impulsionado é a participação activa da Sociedade Civil. Hoje, mais do que nunca, importa que a cidadania assuma a sua verdadeira natureza, papel e acção.

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Da esquerda para a direita: Marcelo Rebelo de Sousa, Adriano Moreira e António Ramalho Eanes Miguel A. Lopes/Lusa

Com sentido de participação cívica e ética, o Professor Adriano Moreira foi, ainda, presidente do CDS, vice-presidente da Assembleia da República e Conselheiro de Estado.

À Mónica, companheira dedicada de uma vida de grande dignidade e espírito de serviço, e a toda a família, a minha profunda solidariedade, com toda a amizade e afecto.

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