Seca mata uma pessoa a cada 36 segundos na África Oriental

O alerta é da organização humanitária Oxfam, que diz que, além das mudanças climáticas, a crise alimentar tem sido exacerbada pelas consequências do pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia.

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Muitas famílias perderam animais devido à falta de alimento Reuters/THOMAS MUKOYA

Nos próximos três meses, o período de seca na África Oriental deve matar uma pessoa a cada 36 segundos. A estimativa foi partilhada esta sexta-feira pela organização humanitária Oxfam, que alerta que centenas de milhares de pessoas vão morrer à fome devido à falta de chuva. A Somália, Etiópia e o Quénia são os países mais afectados.

Além das mudanças climáticas, a crise tem sido exacerbada pelas consequências do vírus da covid-19 e da guerra na Ucrânia. Ambas as situações provocaram um aumento dos preços dos alimentos na região da África Oriental. Na Somália, a situaçãoultrapassou o período de seca extrema de 2011, quando mais de 250 mil pessoas morreram.

"Após quatro estações sem chuva, as pessoas estão a perder a luta pela sobrevivência: o gado morreu, as colheitas falharam e o preço dos alimentos subiu ainda mais devido à guerra na Ucrânia”, resumiu em comunicado a directora regional da Oxfam, Parvin Ngala. “O alarme tem soado durante meses, mas as pessoas [que podem doar dinheiro para ajudar] ainda não acordaram para esta terrível realidade.”

Para Ngala, as “nações ricas” são as “que mais contribuíram para a crise climática” e, por isso, têm “uma responsabilidade moral para proteger as pessoas dos problemas que causaram”.

A Oxfam avisa que há uma lacuna de três mil milhões de dólares (três mil milhões de euros) em financiamento das Nações Unidas para ajudar a Somália, Etiópia, Quénia e o Sudão do Sul.

A situação no Sudão do Sul também preocupa a Oxfam. Apesar de não existirem dados recentes da região, a organização humanitária acredita que o país está a enfrentar uma crise alimentar agravada devido ao conflito político e às inundações.

Para estimar as mortes diárias devido à fome, a Oxfam recorre à taxa de mortalidade por cada 10 mil pessoas em níveis de insegurança alimentar aguda, como especificado na Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar. A situação piorou significativamente desde Maio, altura em que se estimava que uma pessoa morria a cada 48 segundos na África Oriental devido à fome.

De acordo com as Nações Unidas, as taxas de desnutrição são altas e continuarão a crescer se medidas urgentes não forem tomadas no Sul e Sudeste da Etiópia, Sudeste e Norte do Quénia e Centro e Sul da Somália.

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