BE acusa Governo de estar “consciente” da perda de poder de compra, PCP condena “obsessão pelo défice”

Ministro das Finanças e ministra dos Assuntos Parlamentares estão a apresentar aos partidos as linhas gerais do Orçamento de Estado para 2023.

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Reunião entre os membros do Governo e os representantes do BE, no âmbito da ronda com os partidos no Parlamento LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, considerou que o Governo reconheceu que há um “empobrecimento consciente” das famílias e que o executivo está “resignado” com essa situação.

Pedro Filipe Soares falava esta manhã à saída de uma reunião com o ministro das Finanças, Fernando Medina, e pela ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, para apresentação das linhas gerais do Orçamento do Estado (OE) de 2023, ao abrigo do estatuto da oposição.

“O Governo reconheceu que há uma perda de poder de compra dos salários e das pensões. A conclusão é obvia: o Governo que se resigna não consegue perceber as respostas que são precisas, a necessidade de salvaguardar as famílias”, afirmou.

Sem querer revelar os números do cenário macroeconómico do OE - que o PÚBLICO avançou na edição desta sexta-feira - Pedro Filipe Soares considerou que o executivo “não quer responder ao que é difícil”. “Há outros países que estão a ser corajosos. É um erro que pagaremos caro”, sustentou.

Assumindo também um tom crítico, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, sublinhou a necessidade de, no quadro do OE, “não condicionar as respostas aos trabalhadores”, condenando a “obsessão do Governo pelo défice”. A dirigente comunista defendeu que é preciso “valorizar os rendimentos e os serviços públicos” bem como “apostar nos sectores produtivos” como forma de reduzir a dependência externa de Portugal.

Questionada sobre se considera as previsões do Governo optimistas, Paula Santos referiu que o Governo “vai prolongar a perda de poder de compra dos trabalhadores”, sustentando que a actual situação “exige também o controlo e a fixação de preços”. “Não podemos continuar a aceitar preços especulativos”, rematou.

Já antes a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, defendeu a necessidade de, perante a crise, dar “respostas reais às famílias” e alertou para o risco de o Governo poder querer mostrar-se como bom aluno na Europa. “O Governo não pode fazer um brilharete na Europa à custa das famílias e da asfixia fiscal”, afirmou, defendendo a necessidade de actualizar os salários na função pública acima da taxa de inflação.

A deputada pediu também um compromisso com a transição energética, nomeadamente para acabar com a pobreza energética de muitas famílias. Apesar de não revelar os números do cenário macro-económico divulgados pelo Governo, Inês Sousa Real admitiu que haja um excedente orçamental em 2022 e considerou “optimistas” as perspectivas do Governo para 2023.

No mesmo sentido, o deputado único do Livre, Rui Tavares, já tinha assinalado a necessidade de “utilizar bem a folga orçamental” que há em políticas públicas que “ajudem a combater o custo de vida”, apontando como exemplo a redução do preço dos transportes para permitir poupanças às famílias e por motivos ambientais. Rui Tavares sustentou que se deve olhar para outras crises de inflação anteriores para se perceber a resposta dada, o que deverá convergir para o apoio à produção”.

O deputado do Livre alertou para um “enorme trágico erro” se o executivo tentar atingir “um défice menor do que foi apresentado”.

A edição do PÚBLICO avançou que o Governo, no próximo ano, prevê um crescimento de 1,3%, um défice de 0,9% e uma inflação de 4%, bem como uma redução da dívida para 110,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

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