A transformação energética no setor automóvel

A recém-criada Plataforma de Combustíveis de Baixo Teor de Carbono nasce da necessidade de defender, em Portugal e na Europa, uma solução que não colida com os interesses do setor automóvel e o direito à mobilidade individual.

A decisão do Parlamento Europeu, face a uma proposta da Comissão Europeia, que proíbe a venda de novos veículos com motor de combustão interna, a partir de 2035, irá provocar uma enorme disrupção dos atuais modelos de negócio e uma enorme preocupação no setor automóvel em Portugal e na Europa.

Esta medida significa que dentro de 14 anos os construtores de automóveis só poderão vender nos 27 países da União Europeia veículos zero emissões, sejam eles impulsionados pela eletricidade acumulada em baterias ou gerados a bordo, com recurso a células de combustível a hidrogénio.

A dependência de uma única solução tecnológica é limitativa, uma vez que existem alternativas de combustível que consideram aspetos de natureza económica, social e ambiental, como é o caso dos combustíveis de baixo teor de carbono, produzidos a partir de fontes energéticas ambientalmente adequadas e com uma produção é exequível.

A recém-criada Plataforma de Combustíveis de Baixo Teor de Carbono (PCBC), da qual a ANECRA é entidade fundadora, nasce da necessidade de, junto das entidades políticas competentes, em Portugal e na Europa, defender uma solução que não colida com os interesses do setor automóvel, e em especial, com valores onde se incluem a componente social, económica, ambiental e o direito à mobilidade individual.

Esta plataforma foi fundada por oito organizações nacionais do setor automóvel (existe um processo em curso para a adesão de mais seis entidades) que operam em diferentes etapas da cadeia de valor, desde a matéria-prima à produção do combustível, incluindo o seu fornecimento, distribuição e utilização e representam diversos sectores da mobilidade, nomeadamente o terrestre, ligeiro e pesado, a aviação e a marinha, incluindo também os consumidores.

A PCBC pretende uma transformação energética duradoura e inclusiva que contribua, de forma ativa e transparente, para a transformação dos sistemas de energia e transporte, oferecendo experiência e conhecimento, não só no que respeita às tecnologias de baixo teor de carbono, em apoio à ambição climática da União Europeia, mas também relativamente às necessidades sociais e económicas dos consumidores.

O período de transição deve ser ajustável, entre países, de acordo com metas ambientais exequíveis, o que obrigará a ter em conta propostas alternativas avaliadas por via de uma metodologia comum na UE para avaliar o ciclo de vida das emissões de CO2 em automóveis e veículos comerciais, e fundamentalmente, as variáveis que possam distorcer o processo, no decorrer do mesmo.

Certo é que, caso a proposta apresentada pelo Parlamento Europeu se venha a concretizar, afigura-se-nos como absolutamente necessária a existência de incalculáveis apoios às empresas e aos trabalhadores afetados, assim como, às infraestruturas que necessariamente, terão de ser criadas para dar cobertura à decisão em apreço.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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