Pelo menos 17 crianças entre os mortos da catástrofe em estádio na Indonésia

Governo indonésio anuncia investigação após debandada que deixou 125 mortos em jogo de futebol, num dos maiores desastres de sempre em estádios de futebol.

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Jogadores e responsável do Arema prestam homenagem às vítimas EPA/MAST IRHAM

A Indonésia vai criar uma equipa de investigação independente para apurar os factos por trás da debandada num estádio de futebol sobrelotado em que 125 pessoas, incluindo pelo menos 17 crianças, morreram durante o fim-de-semana. A investigação, anunciou o ministro dos Assuntos Políticos, Legais e de Segurança, Mahfud MD, servirá para perceber o que aconteceu e identificar os responsáveis.

O desastre ocorreuno estádio Kanjuruhan, em Malang, na província de Java oriental, durante o clássico entre o Arema FC e o Persebaya Surabaya FC. Terminado o jogo, e com o Arema FC a sofrer a primeira derrota em casa em 23 anos, alguns adeptos correram para o relvado. Quando a polícia disparou gás lacrimogéneo, milhares entraram em pânico e correram para os portões, tentando fugir do estádio. A utilização de gás lacrimogéneo dentro de estádios está proibida pela FIFA, o organismo que dirige as associações de futebol em mais de 200 países.

A maioria das vítimas terá sufocado, muitas foram pisadas. Entre os mortos, há dois polícias. Há ainda mais de 300 feridos num dos maiores desastres de sempre em estádios de futebol.

“Nem eu nem a minha família pensámos que podia acontecer uma coisa destas”, disse à Reuters Endah Wahyuni, irmã mais velha de dois rapazes que morreram depois de serem apanhados na confusão: Ahmad Cahyo, de 15 anos, e Muhammad Farel, de 14 anos. “Eles adoravam futebol, mas nunca tinham visto o Arema ao vivo no estádio Kanjuruhan, era a primeira vez”, afirmou no funeral dos irmãos, no domingo.

Reihan Zailani, que estava no estádio, contou à Al-Jazira como viu “crianças a morrer” à sua frente, enquanto as pessoas tentavam escapar do gás lacrimogéneo. “As pessoas estavam espalhadas e a correr de um lado para o outro, a tentar sair”, descreveu. “Mas a saída estava trancada e estávamos a amontoar-nos.” Zailani finalmente conseguiu fugir, mas diz que a polícia continuava a disparar gás lacrimogéneo.

De acordo com Mahfud MD, foram vendidos 42 mil bilhetes, num estádio com capacidade para 38 mil pessoas. Os adeptos do Persebaya Surabaya FC estavam proibidos de assistir à partida por causa da intensa rivalidade entre os dois clubes.

“Toda a gente estava em pânico, foi o caos”, disse à televisão pan-árabe Nanda Rizki. “As pessoas corriam em direcção à saída, mas a saída estava encerrada e eles desligaram as luzes do estádio”, recordou. “Vi muitas vítimas no portão principal. Tantas vítimas ali deitadas, muitas com as caras queimadas.”

“Lamento profundamente esta tragédia e espero que esta seja a última tragédia futebolística no nosso país”, disse o Presidente indonésio, Joko Widodo.

O futebol é muito popular na Indonésia, mas há muito tempo que tem sido marcado por violência e vandalismo. Nos últimos 28 anos, 78 pessoas morreram em incidentes ligados a jogos, segundo dados do Save Our Soccer, uma associação fiscalizadora do futebol no país.

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