Seis meses de Governo: mais avaliações negativas e falta de apoio entre eleitores do PS às medidas anti-inflação

Duas sondagens conhecidas esta sexta-feira deixam sinais relevantes sobre a avaliação de desempenho que o Governo recebe dos inquiridos e sobre como os entrevistados vêem as medidas de combate aos efeitos da inflação.

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O primeiro-ministro, António Costa, apresentou no início de Setembro um pacote de medidas de apoio para combater os efeitos da inflação Nuno Ferreira Santos

O Governo está a somar avaliações negativas por parte dos portugueses e a perder terreno nas avaliações positivas face aos registos observados em Março, altura em que tomou posse, revela a sondagem do ICS/ISCTE para o Expresso/SIC. A sondagem da Aximage, conhecida também esta sexta-feira, acrescenta um ponto de leitura preocupante para o executivo: a falta de apoio entre quem votou PS nas eleições de Janeiro às medidas de apoio às famílias para combate aos efeitos da inflação.

O inquérito de opinião revela que 35% dos entrevistados considera que o executivo liderado por António Costa tem um “desempenho mau” e 13% pensa que a performance é mesmo “muito má”. O que soma 49% de avaliações negativas, quando em Março, na altura da tomada de posse, as avaliações negativas acumulavam 28%.

Em contraponto, as avaliações positivas perderam peso, passando de 65% para os actuais 42%.

Estas tendências parecem reflectir a actual conjuntura política e económica vivida em Portugal. No Governo somam-se casos que envolvem ministros: o polémico despacho sobre o aeroporto de Lisboa que o ministério de Pedro Nuno Santos assinou e que teve de revogar por ordem do primeiro-ministro, a ministra da Agricultura fez declarações que não caíram bem na Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), o ministro da Economia defendeu medidas que não estão no Programa de Governo e a ministra da Coesão viu-se envolvida numa polémica relacionada com a atribuição de fundos comunitários a empresas do seu marido.

Estes são alguns dos exemplos que têm marcado estes seis meses do Governo que, no Parlamento goza de uma maioria absoluta, e que enfrenta uma conjuntura internacional complexa com uma guerra na Europa e uma inflação a bater recordes.

Apesar da deterioração na avaliação dos inquiridos o PS mantém-se como partido com maior percentagem nas intenções de voto, embora em perda face ao resultado obtido na ida às urnas de 30 de Janeiro. A sondagem do ISCTE aponta para intenções de voto de 37% (contra 41,3% nas eleições legislativas) para o PS, 28% para o PSD (contra 27,6% nas eleições), 11% para o Chega (contra 7,1%), 3% para a IL (contra 4,9%), 4% para a CDU e para o BE (valores próximos dos verificados na ida à urnas) e o PAN com 3% (contra 1,8%).

Esta sondagem revela ainda que a sucessão no PS parece não captar o interesse do eleitorado - 32% não sabe ou recusa responder sobre quem pode ficar no lugar de António Costa - e que o almirante Henrique Gouveia e Melo, o chefe da Armada que antes liderou a campanha de vacinação contra a Covid-19, é o nome que colhe maior preferência numa candidatura a Presidente da República, ficando mesmo à frente de António Costa.

As 807 entrevistas válidas que contam da sondagem do Expresso foram feitas entre os dias 10 e 18 de Setembro. A margem de erro da sondagem é de 3,5% e o nível de confiança é de 95%.

No mesmo dia em que foi conhecida esta sondagem, uma outra, feita pela Aximage para a TSF/JN/DN, revela que a maioria dos inquiridos que diz ter votado PS nas legislativas de Janeiro considera insuficientes as medidas de apoio às famílias para combater os efeitos da inflação.

Mais de metade dos inquiridos (55%) considera que o apoio de 125 euros que será recebido em Outubro por quem tem rendimentos brutos mensais inferiores a 2700 euros não chega. Mais de dois terços dos inquiridos (67%) preferiam pagar menos IRS, e entre eles 64% são eleitores do PS.

A meia pensão paga em Outubro é vista como negativa por 61% dos inquiridos.

Esta sondagem foi feita entre os dias 21 e 24 de Setembro e resultou de 810 entrevistas. A margem de erro é de 3,45% e o grau de confiança de 95%.

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