Cartas ao director

Jorge Sampaio, capacidade e grandeza

Jorge Sampaio, que faria no domingo 83 anos, partiu há pouco mais de um ano. Uma partida que tantos nos comoveu, tal a dimensão do Homem. Um democrata ímpar, um cidadão exemplar, que acima de tudo procurou pugnar por um Portugal livre. A sua história é deveras conhecida, desde os seus tempos de estudante, nas lutas em que sempre se inseriu e onde teve uma participação activa. Esteve presente nos mais altos cargos da nação, desde dirigente político, a deputado, a Presidente da República, a par das múltiplas actividades que desempenhou em organizações nacionais e mundiais, sinal evidente da sua sensibilidade, capacidade e grandeza amplamente reconhecidas e que desempenhou até agora, apesar dos problemas de saúde com que nos últimos tempos da sua vida se vinha debatendo.

Porque é da sua lavra, repito a sua omnipresente mensagem: 25 de Abril, sempre! Porque a memória não pode ser curta, obrigado, senhor Presidente! Até sempre!

José P. Costa, Lisboa

Recordar Jorge Sampaio

Por outrora se desconhecer, muitas vezes, o dia do nascimento de pessoas ilustres, eram estas recordadas na data da sua morte. Assim o Camões, por exemplo. De há um século a esta parte, porém, com a institucionalização do registo civil, não é mais compreensível que se assinale alguém cuja vida foi relevante na data em que a deixou.

Até por isso foi feliz a iniciativa de alguns amigos de Jorge Sampaio que, em artigo no PÚBLICO de domingo, recordam o amigo, o cidadão, a figura pública e o seu legado. Para nós, que não privámos com a pessoa mas conhecemos, pelo menos parcialmente, a sua obra, aquela prosa tem interesse.

Ora, não consta que o político recordado tenha deixado algum tratado sistemático de filosofia política, pelo que o seu pensamento resulta da acção que desenvolveu em diversos planos da sua vida pública. E ocorre-nos que seria uma boa ideia se aqueles que o conheceram se reunissem todos os anos, neste dia, e, além de celebrarem o seu nascimento, publicassem nessa data um conjunto de reflexões sobre assuntos da vida do país e do mundo, à luz do que se lhes sugere seria o pensamento de Jorge Sampaio.

Assim, por exemplo: que método de pesquisa, planeamento e decisão adoptaria para chegar à determinação do melhor local para o aeroporto?; como decidir melhor os aspectos da expansão do Metro?; como chegar a uma conclusão acerca do acordo ortográfico?; que caminho a seguir na melhoria do sistema de saúde?, etc.

Sérgio Tovar de Carvalho, Lourinhã

Porque faltam médicos

Há anos que faltam médicos em Portugal. É evidente que a Ordem dos médicos tem imensas culpas pois nunca quis alargar o número de vagas em medicina. Para além disso e desde Passos Coelho a política, aliás seguida por António Costa, foi sempre a de não valorizar como era devido os médicos e enfermeiros do SNS. Se o SNS paga tão mal, porque razão é que, para evitar a fuga para os privados, não aumentaram o salário dos médicos em devido tempo? Porque razão mantiveram a possibilidade de um médico com mais de 50 anos não ter obrigatoriedade de fazer urgências? Quantos serão os que nestas circunstâncias só fazem urgências no privado? Todavia, a maior culpa é do governo pois o SNS tem que ser salvo.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Sou eu que estou confuso?

Esta coisa do Estatuto do SNS, sexta-feira aprovado pelo Presidente da República, dá-me que pensar. Diz-se que é para separar o político do gestionário, mas... alguém acredita nisso? Há um Ministério da Saúde que faz parte da orgânica do governo e agora, como que caído que caído do céu, aparece uma nova entidade que vai gerir aquilo que é a própria razão de existir do primeiro?! E o financiamento, quem o decide? Quem o gere? E onde entra nisto o Ministério das Finanças? E tanta outra coisa que se atropela nesta confusão que mais parece um atamancado! Intencional?

E em tudo isto, as pessoas não são despiciendas. Se, como tudo faz prever, o novo director executivo do nóvel instituto, for Fernando Araújo - muito conceituado no desempenho das suas missões anteriores - lembro que foi secretário de Estado, presidente da ARS Norte e presidente do conselho de administração do Hospital S. João. Político? Gestor? Um mix de ambos? Isto sem falar que foi falado para ministro, num cargo que acabou de ir para Manuel Pizarro. Quem “mandará” em quem? Ou será uma “ópera-bufa"? Talvez seja por isso que o bastonário da Ordem dos Médicos já disse ( SIC, 16/10) que não “baterá” em nenhum deles, mas sim... no primeiro-ministro!

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

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