Procurar emprego: amigos em comum no LinkedIn podem ser mais eficazes do que amigos chegados

A pouca proximidade entre duas pessoas facilita a partilha de contactos e diminui o sentimento de vergonha associado à partilha de informação sobre o trabalho ou a empresa, concluem os investigadores.

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Os contactos fora do nosso ambiente habitual são uma espécie de “janela” para o mundo, dizem os investigadores NATHANA REBOUÇAS/UNSPLASH

Conectar-se a um amigo de um amigo ou um conhecido através do LinkedIn pode ser mais útil para encontrar um novo emprego do que fazê-lo através de um contacto próximo (como familiares ou amigos chegados). A conclusão, apresentada esta sexta-feira, surge no estudo Um teste causal da força dos laços fracos, publicado na revista Science.

A equipa – composta por investigadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), universidade de Stanford, universidade de Harvard e dois membros do próprio LinkedIn – acompanhou 20 milhões de utilizadores da rede social entre 2015 e 2019. A conclusão é que os contactos fora do nosso ambiente habitual e mais próximo são uma espécie de “janela” para o mundo, e mais facilmente nos põem em contacto com outras pessoas. Em cinco anos de análise foram registados 600 mil novos postos de trabalho.

Os utilizadores em estudo foram divididos em dois grupos, explica Karthik Rajkumar, membro da equipa e investigador do LinkedIn: aleatoriamente, alguns recebiam mais recomendações de emprego de utilizadores com poucos amigos em comum. Outros recebiam recomendações de utilizadores com muitos amigos em comum ou até de utilizadores que trabalhavam na mesma empresa.

O resultado? No LinkedIn, os melhores contactos para encontrar um emprego novo não são os amigos mais próximos, mas sim aquilo a que os investigadores chamaram “laços fracos”, pessoas com as quais o utilizador não tem grande proximidade.

Segundo os investigadores, isto acontece porque, se existir pouca proximidade entre duas pessoas, há mais partilha de contactos de terceiros (que podem ajudar no acesso ao emprego). Ao mesmo tempo há também um maior distanciamento entre ambos, o que diminui uma possível vergonha associada à partilha e exposição de informação sobre o trabalho ou a empresa em causa.

No entanto, alerta a equipa de especialistas, é necessário haver um equilíbrio no que toca ao número de amigos em comum associados a uma recomendação de emprego. Apenas um amigo pode ser ineficaz, mas 30 pode sê-lo ainda mais. De acordo com os investigadores, o ideal é que existam cerca de 10 amigos em comum.

Os investigadores consideram ainda que esta conclusão não se aplica a todas as áreas laborais. É particularmente eficaz em empregos na área da tecnologia, mas o mesmo não se verifica quando se fala de empregos em sectores pouco afectados pela digitalização.

Até ao momento não existe uma explicação clara para o porquê de existir esta diferença entre sectores, diz Siman Aral, co-autor do estudo e membro do MIT. No entanto, estabelece uma oposição clara entre a forma como um construtor civil e um programador informático procura emprego.

“Um construtor [civil] trabalha num espaço físico e com uma rede de contactos mais pequena, e os seus colegas de trabalho são, normalmente, da mesma área. Um programador [informático], que participa em conferências e pode trabalhar remotamente, tem mais probabilidades de conhecer pessoas de diferentes círculos. Assim, é mais provável que consiga novos empregos através destas novas ligações”, explica.

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