Costa a pôr-se a jeito de cartolada marcelista

No futuro, é bem possível que se crie a forte convicção de que esta maioria absoluta foi um engano e que, com a aproximação do ciclo eleitoral, algumas trapalhadas sirvam para fazer transbordar um copo que se vai enchendo.

O actual Governo foi empossado há poucos meses e, como já aqui disse, foi feito com restos do anterior. Como dizia um slogan televisivo “restos não são uma alimentação saudável”. Se aos restos juntarmos ministros como Medina nas Finanças, que é um reputadíssimo economista – não é por acaso que Centeno, na sua actual pele, já se demarcou de vários indicadores governamentais e linhas macroeconómicas –, a quem havia de dar uma “gaiola dourada” depois da perda de Lisboa, o que, a acrescer, deve ter deixado o faro político de Costa mais afagado, por ter dentro de portas todos os putativos herdeiros, percebemos melhor, o ramalhete fica mais composto. Acrescentem-se recompensas por anos de “comentário independente” a Adão e Silva, inexistências anteriores também elas “com costas quentes”, como Ana Abrunhosa, a saída de bons ministros como Pedro Siza Vieira – que já vai lançando farpas certeiras – ou o ministro da “bazuca” que, quando fala, é sempre sobre o que vai fazer. A inflação galopante, a crise de matérias-primas e outros factores externos não vieram ajudar. Todavia, estas coisas são como as doenças: quem melhor trata o organismo, por regra, sofre menos que aqueles que acumulam défices estruturais de atenção.

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