Angola coloca as Forças Armadas em “prontidão combativa elevada”

A partir deste domingo e até ao dia 20 são tomadas medidas preventivas para evitar “incidentes que perturbem a ordem e tranquilidade públicas”. Prazo para o Tribunal Constitucional responder ao pedido de anulação das eleições termina este domingo.

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O Presidente João Lourenço pediu calma aos militantes do MPLA até que o Tribunal Constitucional confirme a vitória Reuters/STRINGER

As Forças Armadas de Angola estão deste este domingo e até dia 20 em “prontidão combativa elevada” com o fim de evitar “incidentes que perturbem a ordem e tranquilidade públicas, bem como proporcionar a manutenção da defesa e segurança do território nacional”. De acordo com o despacho assinado pelo chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas, general António Egídio de Sousa Santos, a decisão prende-se com as eleições e terá “particular incidência na província de Luanda”.

No mesmo dia em que termina o prazo para o Tribunal Constitucional se pronunciar sobre o pedido de anulação das eleições apresentado pela UNITA, o segundo partido mais votado nas eleições de 24 de Agosto que reclama uma série de irregularidades no processo eleitoral, inclusive a má contagem dos votos, Angola militariza o espaço público a pensar nos possíveis protestos.

O general pede ainda, no despacho, o reforço das medidas de segurança junto aos “principais objectivos económico-estratégicos e das instituições do Estado” e ainda “o controlo do movimento de colunas militares e restrições na saída de aeronaves militares”, no que parece dar a entender que as chefias castrenses temem que os protestos contra os resultados eleitorais se possam estender aos quartéis.

Antes das eleições falava-se na possibilidade de que o culminar destas eleições tensas, “as mais disputadas” desde 1992, poderiam redundar numa violência pós-eleitoral de proporções semelhantes às de há 30 anos, quando a UNITA não aceitou o resultado do escrutínio e a guerra civil foi retomada.

Este domingo, no Twitter, o Presidente João Lourenço pedia aos apoiantes do MPLA que saíram à rua no sábado “para comemorar a vitória do penta”, referindo-se às vitórias do seu partido nas cinco eleições da história de Angola, para aguardar “serenamente pela decisão do Tribunal Constitucional” e só depois “organizar a segunda festa, a cerimónia de investidura e os actos que se seguem”.

Embora o líder da UNITA e candidato presidencial, Adalberto Costa Júnior, tenha escrito no sábado, na mesma rede social, estar à espera que o Tribunal Constitucional aceitasse a providência cautelar, “para que a verdade dos votos prevaleça e mostre ao povo angolano que o MPLA não ganhou as eleições”, são poucos aqueles que em Angola acreditam que isso possa vir a acontecer.

A prontidão de combate das Forças Armadas estará a antecipar os possíveis protestos que essa decisão poderá causar e o receio de que se possam estender aos quartéis. Daí que o general António Egídio de Sousa Santos tenha também determinado “a implementação das medidas de controlo de armamento e munições” e o auxílio da Polícia Militar à Polícia Nacional no patrulhamento, “visando a recolha de pessoal e viaturas militares que transgridam as normas”.

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