Marcelo apela a “equilíbrio” nos apoios às famílias que Governo vai anunciar

O Presidente da República chamou a atenção para a possibilidade de mudança no ritmo da inflação e defendeu ajuste “mês a mês” das medidas.

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Marcelo Rebelo de Sousa considera que é preciso "actuar com urgência, mas com cuidado" REUTERS/ADRIANO MACHADO

O Presidente da República defendeu a necessidade de “equilíbrio” no pacote de apoio às famílias que o Governo irá anunciar na segunda-feira para responder à inflação, considerando que é preciso uma acção rápida, mas que as medidas devem ser ajustadas mês a mês.

“É preciso actuar com urgência, mas com cuidado por causa do acompanhamento da evolução económica”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, neste sábado, em declarações aos jornalistas, numa visita à Feira do Livro de Lisboa.

O chefe de Estado escudou-se nos comentários do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que na quinta-feira defendeu que não se adoptem medidas pró-cíclicas. “Foi o que disse o governador do Banco de Portugal. Há que ter, por um lado, uma intervenção-choque para compensar a situação vivida nos últimos meses e neste momento, e, por outro lado, há que acompanhar – eu tenho repetido isto – a inflação. Há quem pense que a inflação pode descer a partir de Outubro, Novembro”, disse.

Na sexta-feira, em Moçambique, António Costa tinha afirmado ser “necessário assegurar que quer as famílias, quer as empresas têm condições de enfrentar esta situação”, acrescentando que “a inflação é dos fenómenos económicos mas difíceis de enfrentar, gerir e controlar”.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, as medidas que serão anunciadas terão como objectivo um “efeito-choque imediato”, mas é preciso ter presente que se a inflação descer a pique a partir do final do ano estas “têm de ser reajustadas”.

“Há um conjunto de condições que para o ano podem não ser repetíveis. O Produto Interno Bruto pode não voltar a crescer tanto, a situação em termos de disponibilidade pode não ser tão grande e por isso tem de haver esse equilíbrio: atacar a situação naquilo em que é preciso atacar com urgência e ver a evolução da economia e da própria inflação para ter a certeza de que é preciso ajustar mês a mês, permanentemente, as medidas e a execução das medidas à evolução da situação vivida”, vincou.

Elencou ainda como medidas dirigidas e sem impacto permanente os apoios directos às famílias, apoios a “certos sectores de actividade na economia que são mais sensíveis ao aumento dos preços da energia”, “apoios aos sectores mais carenciados” e “algumas coisas para as classes médias”.

Mas advertiu: “Sem haver choques tão amplos, tão amplos que na sua duração possam ter custos que são excessivos não agora, mas daqui a uns meses”.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que “se podia ter tomado as medidas um bocadinho mais cedo”, mas admitiu que “por toda a Europa são anunciadas agora”.

Frisou ainda que o impacto do aumento dos preços da energia e da inflação está a afectar particularmente a classe média. “Obviamente que energia toca toda a gente, mas classe média em particular, e outros custos da inflação atingem a classe média, nomeadamente reduz a classe média, esvazia a classe média. Em todos os países da Europa é uma preocupação”, disse.

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