O último adeus de Serena Williams

João Sousa passa aos oitavos-de-final de pares no US Open.

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Serena Williams EPA/JASON SZENES

Não é preciso ser fã de ténis para se saber quem é Serena Williams. E essa é a melhor prova da dimensão que atingiu a mulher que começou a jogar ténis num ghetto de Los Angeles com o objectivo de ser a número um do mundo e terminou a carreira, aos 40 anos, como uma das melhores atletas de sempre e uma figura inspiradora para milhões, independentemente do género, raça ou idade. O US Open, onde, em 1999, ganhou o primeiro de 23 títulos do Grand Slam, foi o derradeiro torneio de Serena, e os 23 mil espectadores que esgotaram o Arthur Ashe Stadium na noite de sexta-feira foram os últimos a ovacioná-la, de pé e prolongadamente. Os seus sucessos durante os 25 anos no circuito profissional podem ser traduzidos em números, mas não a determinação, combatividade, crença e vontade de vencer que foram crescendo desde que ela e a irmã Venus surgiram no circuito profissional no final dos anos 90, ainda com missangas no cabelo.

“Tudo começou com os meus pais e eles merecem tudo. E eu não seria a Serena se não houvesse uma Venus; ela é a única razão porque Serena Williams alguma vez existiu”, elogiou a campeoníssima. Por várias vezes, a tenista norte-americana afastou-se dos courts e regressou: a morte da irmã Yetunde, em 2003, o coágulo que a colocou às portas da morte em 2011, a gravidez em 2017… Mas, desta vez, Serena está pronta para dedicar-se a aumentar a família. “Tecnicamente, no mundo, ainda sou super nova, por isso, quero viver um pouco enquanto ainda consigo andar. Estou pronta para ser mãe, explorar uma versão diferente da Serena”, afirmou a única tenista (mulher ou homem) a alcançar o “Career Golden Slam”, ou seja, ganhar os quatro torneios do Grand Slam e medalhas de ouro olímpicas em singulares e pares.

Serena foi a primeira a ganhar majors em três décadas diferentes e a mais velha campeã de sempre na Era Open, no Open da Austrália de 2017, com 35 anos e quatro meses. E procurava bater o recorde absoluto de Margaret Court, de 24 títulos conquistados – dos quais 13 ganhos antes da Era Open (iniciada em 1968, quando os tenistas profissionais passaram a ser admitidos nos Grand Slams). Mas desde o triunfo na Austrália, já grávida da filha Olympia, Serena não voltou a atingir o mesmo patamar de excelência, embora ainda tenha disputado quatro finais de majors, em Wimbledon e US Open, em 2018 e 2019.

Simbolicamente, a longa carreira de Serena terminou com o seu mais longo encontro de sempre: três horas e cinco minutos. Por uma derradeira vez, a tenacidade e espírito de campeã de Serena ficaram demonstrados quando ganhou o segundo set no tie-break, após desperdiçar quatro set-points, a 5-4, e salvou cinco match-points na set decisivo. Mas Ajla Tomljanovic (46.ª no ranking) teve o mérito de jogar bom ténis e adaptar-se ao ruidoso ambiente causado pelos adeptos nova-iorquinos, para impor-se no set decisivo: 7-5, 6-7 (4/7) e 6-1. Quarto-finalista em Wimbledon nas duas últimas edições, Tomljanovic confirmou o bom momento de forma e não quis roubar o protagonismo a Serena. “Ela é a maior de sempre, ponto! Gosto tanto dela como vocês”, afirmou a australiana de 29 anos.

Já este sábado, João Sousa e o brasileiro Marcelo Demoliner passaram aos oitavos-de-final de pares, ao derrotarem os espanhóis Feliciano López e Jaume Munar, por 6-3, 6-4. Afastada ficou a dupla Nuno Borges/Francisco Cabral, que perderam com Tim Puetz e Michael Venus, ambos campeões do Millennium Estoril Open com parceiros diferentes, por 6-4, 7-6 (7/3).

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