Portas diz que convite para ser observador eleitoral em Angola era irrecusável

Paulo Portas justificou a visita a Angola com as relações diplomáticas entre Portugal e o país africano e garantiu que quer contribuir para as eleições angolanas da próxima quarta-feira decorrerem de forma “transparente”.

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Paulo Portas foi vice-primeiro-ministro durante o Governo de Passos Coelho Nuno Ferreira Santos

O antigo vice-primeiro-ministro português Paulo Portas justificou esta terça-feira a sua presença em Angola, como observador eleitoral convidado do Presidente angolano, em nome das relações diplomáticas dos dois países.

“Viemos a convite do Presidente da República de Angola e como Portugal e Angola têm relações muito importantes e excelentes, esse tipo de convites não se recusa”, disse Paulo Portas, esta terça-feira, na Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana, onde recebeu a documentação de observador, acompanhado do ex-ministro social-democrata José Luís Arnaut, também convidado por João Lourenço.

Confrontado com críticas ao elevado número de observadores e as suas relações pessoais com João Lourenço, Paulo Portas salientou que as “relações de Portugal com Angola enquanto estados soberanos têm décadas e não se esgotam numa circunstância ou numa personalidade”. E avisou: “Se não estiverem aqui portugueses, estarão outros em vez dos portugueses.”

Quanto às eleições que vai acompanhar na quarta-feira, referiu que o Presidente da República de Angola sabe que a sua opinião “é independente”. “A minha intenção é contribuir para que estas eleições corram o melhor possível, da forma mais transparente, da forma mais participada e que resultem no bem de Angola”, disse Portas, que não quis comentar as polémicas sobre a transparência eleitoral nesta fase.

Segundo o antigo vice-primeiro-ministro, “ser observador significa ver, escutar, perguntar, ouvir antes de dar opinião”.

Por seu turno, José Luís Arnaut prometeu “observar de forma independente e isenta todo este processo” para que “possa decorrer com toda a normalidade desejável e expectável”.

“Todos estes processos são processos evolutivos, é natural que aqui e ali possa haver qualquer dúvida, mas o que importa é que se deram passos muito importantes na afirmação da democracia”, afirmou, recusando também comentar as críticas à opacidade do processo eleitoral. “Estamos a observar e não quero especular sobre especulações”, disse Arnaut aos jornalistas.

Após a reunião na CNE, os dois foram recebidos pelo Presidente angolano, que é recandidato pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder há 47 anos.

Angola vai a votos na quarta-feira para escolher um novo Presidente da República e novos representantes na Assembleia Nacional.

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