Uma árvore (casa) cresce em Brooklyn: é um prédio de seis andares eficiente e feito de madeira

O condomínio com assinatura da Mesh Architectures destaca-se pela pegada de carbono praticamente nula, diz quem o projectou.

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Timber House, um condomínio sustentável em Nova Iorque Reuters/BRENDAN MCDERMID

Visto da rua, o número 670 parece igual aos demais prédios de tijolo e betão da Union Street, em Brooklyn. Mas no interior, vigas, colunas e tábuas de madeira expostas mostram que o condomínio de 14 apartamentos não é um edifício típico do bairro nova-iorquino.

Timber House é o primeiro condomínio de madeira maciça da cidade, talvez do estado inteiro”, diz Eric Liftin, arquitecto da Mesh Architectures e co-autor do projecto, citado pela Reuters. “É construído a partir de uma estrutura de madeira, o que é muito invulgar para um edifício de seis andares como este, que normalmente seria construído em betão e aço.”

A Timber House, concluída em Maio, após cerca de dois anos e meio de construção, é feita de madeira laminada colada, material estrutural fabricado através da união de segmentos individuais de madeira, colados com adesivos industriais. Neste caso, a madeira é de abeto-de-douglas, do estado de Washington.

Um dos apartamentos da Timber House, o primeiro condomínimo de habitação em madeira maciça de Nova Iorque REUTERS/Brendan McDermid
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Um dos apartamentos da Timber House, o primeiro condomínimo de habitação em madeira maciça de Nova Iorque REUTERS/Brendan McDermid

O arquitecto disse ter escolhido a madeira pelas qualidades estéticas e pela pegada de carbono negativa. “A madeira é um recurso renovável”, explica Liftin. “Como alternativa ao betão e ao aço, é um belo material que faz espaços incríveis para habitar e é uma forma sustentável de construir.”

A construção é também eficiente do ponto de vista energético. A Timber House é altamente isolada, o telhado tem painéis solares e o edifício utiliza bombas de calor eléctricas para o aquecimento e arrefecimento. Cada lugar de estacionamento na garagem tem uma estação de carregamento para veículos eléctricos.

Liftin espera que o prédio sirva de modelo para futuros edifícios em Nova Iorque.

Suzan Wines, proprietária da I-Beam Design e professora adjunta na escola de Arquitectura na City College of New York, ajuda a explicar as vantagens da madeira numa construção preocupada com as alterações climáticas. “O aço e o betão têm uma pegada carbónica bastante grande em termos de produção”, diz Wines, observando que cada material é responsável por cerca de 10% das emissões de dióxido de carbono em todo o mundo. “A madeira, por outro lado, tem basicamente uma pegada de carbono nula ou negativa” porque as árvores sequestram carbono à medida que crescem. “Portanto, isto basicamente dá às árvores um impacto quase negativo.”

Quanto à segurança em caso de incêndio, Liftin assegura que a madeira maciça não é muito inflamável, visto que forma uma “camada isolante de carvão” quando queimada, e consegue manter a estrutura em resposta às chamas da mesma forma que o aço.

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Wines observou que o Código Internacional de Construção de 2021 acrescentou uma norma que passa a permitir edifícios suportados por madeira até aos 18 andares.

Um estúdio no condomínio Timber House, em Brooklyn, pode custar entre 600 mil dólares norte-americanos (5985 euros, à taxa de câmbio actual). Já um apartamento com três quartos pode ascender os três milhões de dólares (aproximadamente 2,9 milhões de euros). Doze dos 14 apartamentos já foram vendidos e os primeiros residentes deverão começar a mudar-se no Outono.

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