Cartas ao director

Caos no SNS?

Ontem, à mesma hora em que um dos médicos que nas TV, ao serviço do “lobby” da saúde privada, manda palpites sobre o SNS, se referia precisamente ao encerramento de serviços de urgências e outros no Hospital São Francisco Xavier, a minha nora era recebida na urgência deste hospital, desde logo examinada e encaminhada para o Serviço de Obstetrícia. Uma hora depois, após cesariana, tinha a seu lado um belo rapaz. Foram todos inexcedíveis em carinho e eficiência profissional – médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar.

O SNS, já o afirmei aqui e em outros locais, necessita, face ao desfasamento relativamente à evolução do seu contexto ambiental, de ser modernizado. Tem graves problemas, mas os hospitais não estão no caos absoluto como pretendem e passam para o público, via TV, os presidentes das ordens dos Médicos e dos Enfermeiros e o presidente do Sindicato Independente dos Médicos, bem como outros comentadores ao serviço do já aludido “lobby” que pretende a privatização da prestação de cuidados de saúde.

Aproveito para expressar aos médicos, enfermeiros e outro pessoal das Urgências e do Serviço de Obstetrícia e de Pediatria do Hospital São Francisco Xavier os meus agradecimentos e o meu reconhecimento pela sua proficiência e trato humano.

Elder Fernandes, Lisboa

A Igreja e os abusos

O clero de Lisboa – segundo o seriíssimo jornal PÚBLICO – declarou “defender” D. Manuel Clemente, nesta história dos abusos sexuais dentro da Igreja católica. Ora os católicos acreditam que a Igreja, porque fundada por Cristo, é sobrenatural e humana, simultaneamente. Logo, a Igreja humana é falível, a sobrenatural jamais o será. Sendo assim, todo o clero está sujeito a ser apontado, tanto pelo bem como pelo mal à vista. Sempre houve e haverá aproveitamentos para vinganças, para fazer política e/ou perseguições. Todavia, sabe-se que todos os líderes cristãos e a sociedade civil não querem ser desmascarados nem apontados, tal como fez João Baptista. Todas as sociedades, civis ou religiosas, sabem que a verdade provoca arranhões, desnuda, destampa, e temem-na, embora esqueçam que a hipocrisia mata, destrói. Ora S. João Baptista veio para falar verdade e da Verdade. Não foi hipócrita.

Artur Soares, Braga

Mais educação ambiental

Em Portugal parece-me haver um défice de educação ambiental. Como disse Cousteau, “só defendemos aquilo que amamos., mas só amamos aquilo que conhecemos”. Se pedirmos aos portugueses para identificar uma qualquer árvore autóctone, podemos obter respostas que vão desde chamar pinheiro a um castanheiro ou castanheiro a um freixo. A grande maioria também não saberá dizer qual a árvore que é símbolo nacional.

Se não conhecermos a importância das árvores para o ambiente, economia, turismo, etc., não as vamos defender. Há mesmo aqueles que as abatem por dá cá aquela palha. Na Finlândia, as crianças, durante o período escolar, fazem visitas pedagógicas à floresta, com frequência, para melhor a conhecer.

Haverá menos incêndios em Portugal se investirmos mais em educação ambiental. Passaremos a ter uma atitude mais crítica e reivindicativa relativamente ao tipo de paisagem que queremos.

Carlos Neves, Santa Maria da Feira

Placidez e falta de energia coletiva

Não disponho de elementos concretos para comentar a demora no apoio pelo PRR à capitalização das empresas, mas, em assuntos em que julgo ter algum conhecimento, confirmo a placidez e a falta de energia coletiva que refere no seu editorial. Desde projetos de expansão da rede de metropolitano contendo erros técnicos do ponto de vista da manutenção e operação de redes até à olímpica indiferença pelo regulamento comunitário 1315/2013, que define as ligações ferroviárias interoperáveis à Europa e cuja natureza é vinculativa para os Estados-membros, mas em que foi conseguida a complacência da Comissão Europeia para o seu incumprimento, passando pela recusa sistemática em aceitar as contribuições da consulta pública para gestão da água ou das interligações energéticas, não admira que sobre o PRR e o PNI 2030 pairem graves ameaças. Mas a placidez e a falta de energia coletiva não deixam fazer os projetos necessários.

Fernando Santos e Silva, Lisboa

Ucrânia e Palestina

Qual a diferença de grandeza de atentado à dignidade humana entre uma mãe palestiniana que chora a sua filha morta por bombardeamentos israelitas e um pai ucraniano que chora a vida do seu filho morto por bombardeamentos russos? A morte de civis palestinianos não pode ser relegada para segundo plano. As infra-estruturas da Faixa de Gaza estão parcialmente destruídas. O PÚBLICO não deixa a Palestina cair no esquecimento, ao contrário dos outros meios de comunicação social. Se a presença nas estações televisivas de comentadores da guerra Ucrânia/Rússia é remunerada, esse dinheiro deve reverter para um fundo de socorro. Mas, para esses cavalheiros, a vida de uma criança palestiniana é inferior à vida de uma criança ucraniana?

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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