Xi diz a Biden que não brinque com o fogo em Taiwan

Os dois líderes conversaram ao telefone e na discussão entrou a potencial visita de Nancy Pelosi à ilha.

Foto
A última chamada entre Biden e Xi tinha decorrido em Novembro do ano passado Reuters/JONATHAN ERNST

“Quem brinca com o fogo queima-se”, disse Xi Jinping a Joe Biden esta quinta-feira. O Presidente chinês e o Presidente dos Estados Unidos passaram duas horas e 17 minutos ao telefone e na lista de assuntos pendentes entre os dois estava um escaldante: a suposta visita de Nancy Pelosi, líder da Câmara dos Representantes norte-americana, a Taiwan.

Na chamada, Xi não foi de meias palavras. “A comunidade internacional espera que a China e os Estados Unidos tenham um papel de liderança na manutenção da paz e da segurança mundiais”, disse o líder chinês, citado pela agência de notícias estatal Xinhua, sublinhando que “ambos os lados do estreito pertencem a uma só China”.

Os relatos sobre uma possível viagem de Pelosi a Taiwan surgiram na semana passada, mas até agora a própria nada disse sobre o assunto e a Casa Branca mantém o silêncio. A concretizar-se, a visita teria como principal objectivo demonstrar apoio público à ilha, num momento em que as autoridades taiwanesas temem estar iminente uma invasão chinesa.

Mal a suposta viagem se tornou conhecida, o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros ameaçou com “medidas firmes e fortes”, o que alguns analistas dizem ser a demonstração de descontentamento mais séria de Pequim para com Washington.

O assunto causa embaraço na capital americana. Se for, Pelosi arrisca causar um incidente diplomático grave. Se não for, será acusada internamente de se ter deixado vergar pela China. Joe Biden disse na semana passada que “os militares pensam que não é uma boa ideia neste momento”, mas Pelosi não lhe fez caso. “Penso que o Presidente estava a dizer que talvez os militares tenham medo que o meu avião seja abatido ou algo assim, não sei ao certo”, disse a líder da Câmara dos Representantes, sem confirmar os planos para a viagem.

Mesmo que não cheguem ao ponto de pensar em abater o avião, as autoridades chinesas poderão recorrer a meios militares para impedir a sua aterragem ou poderão decretar uma zona de exclusão aérea sobre Taiwan no período expectável da viagem.

“O nosso objectivo é manter abertas as linhas de comunicação com o Presidente da China, uma das mais importantes relações bilaterais que temos, não só na região, mas no mundo”, disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby, antes da chamada, que estava há semanas a ser preparada. A Casa Branca ainda não se pronunciou sobre como decorreu a conversa.

Sugerir correcção
Ler 15 comentários