A “discoteca da palha”, casas tornadas “tascas”: o pequeno grande festival da aldeia de Guedieiros

Aldeia da freguesia de Sendim, distrito de Viseu, tem menos de uma centena de habitantes. Iniciativa de grupo de jovens ajuda a dar vida nova a Guedieiros, pelo menos durante um fim-de-semana: de 29 a 31 de Julho. Concertos e 14 tasquinhas familiares na Ronda da Rua Velha.

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O evento de Guedieiros, de 29 a 31 de Julho dr/A Ronda da Rua Velha

A Ronda da Rua Velha regressa este fim-de-semana a Guedieiros, freguesia de Sendim, Tabuaço, numa edição com músicos convidados, 14 casas “transformadas em tascas” e uma “discoteca da palha”, diz à agência Lusa um dos responsáveis. Marco Penela. “Isto começou por ser uma brincadeira, há uns anos, mas está a ganhar força e este ano já temos dois grupos musicais convidados, um de Bragança e outro de Coimbra”, acrescenta.

Penela faz parte de “um grupo de uma dúzia de amigos” que se reúnem ao fim-de-semana em Guedieiros, no concelho de Tabuaço, distrito de Viseu, para visitarem a família.

Nesses encontros, começaram a organizar “pequenas actividades” para dinamizarem a aldeia envelhecida que não tem mais de 90 habitantes”.

“A primeira coisa que organizámos foi um passeio de motas antigas nas ruas de Guedieiros e depois disso ficámos conhecidos por os “Caracóis da Calçada”. De tempos em tempos, vamos organizando umas coisas e foi assim que nasceu a Ronda da Rua Velha”, contou.

Aquilo que começou por “ser uma brincadeira” vai este ano para a quarta edição e, após a pausa de dois anos devido à pandemia, “regressa e com mais força e cada vez mais organizado e a envolver mais pessoas”.

“Nos primeiros dois anos fizemos com a ajuda dos nossos pais e familiares, agora já temos jovens voluntários que se começam a envolver nas actividades e temos pessoas a oferecerem-se para montarem as suas tasquinhas”, contou.

Estes espaços de repasto localizam-se nas “partes de baixo das casas, onde antigamente se guardavam as pipas e tinham os lagares ou os animais”.

No início, o grupo de jovens falou com “os proprietários das casas velhas para cederem essas lojas” por um fim-de-semana.

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dr/A Ronda da Rua Velha

“Nós limpamos os espaços e arranjamos para dar uma nova vida a uma casa velha e desabitada. O primeiro ano fizemos isso em seis casas e, este ano, já são 14 que vão servir de tasquinhas”, contabilizou.

Marco Penela sublinhou ainda que, desde a primeira Ronda da Rua Velha que organizaram, “já foram recuperadas sete casas na aldeia, porque os proprietários acabaram por as arranjar e, alguns, continuam a emprestar a parte de baixo”.

“E é ali que montamos as tasquinhas, onde temos os nossos pratos tradicionais, essencialmente ligados à caça, como o javali, também o famoso cabrito, muitos petiscos, porque é o que as pessoas também procuram, e o nosso vinho”, descreveu.

A ronda, explicou Marco Penela, “é feita ao longo de uma rua que dá a volta a uma casa que tem uma quinta, que também cede alguns espaços” à organização, e as pessoas “compram uma caneca de barro para percorrerem as tasquinhas ao longo da rua e provam os petiscos”.

“Desde a primeira edição que não usamos plásticos. É tudo em louça, como antigamente, é uma autêntica recriação dos antepassados. As próprias pessoas já têm a preocupação em limparem os utensílios da agricultura para decorarem as tasquinhas e a rua”, apontou.

Marco Penela disse que “também há fardos de palha espalhados, para quem se quiser sentar” e “de hora a hora há animação musical feita por diversos grupos da região que se oferecem para animar a ronda” em Guedieiros.

“Tudo música que os habitantes gostam, porque isto é para eles, é para dinamizar a aldeia e eles fazem parte da ronda. Saem de casa e gostam de falar com as pessoas e de partilhar com quem os visita”, disse.

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A “Ronda da Rua Velha” conta ainda com um espaço “dedicado mais aos jovens, mas aberto a todos que queiram, que é a discoteca da palha”, ou seja, “um galinheiro que é cedido e limpo” para acolher “um dj e todos quantos queiram dançar”.

“A pista já se tem tornado pequena para todos os que vão, mas as pessoas vão rodando. Como fazemos isto sempre no último fim-de-semana de Julho, os nossos emigrantes já marcam férias para esta altura, para virem à ronda”.

Mais informações no Facebook A Ronda da Rua Velha.

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