Rui Moreira diz que Porto não aceitará que “centralismo dominante” subjugue voz da cidade

O autarca do Porto voltou a criticar o centralismo e a defender que o Porto deve ter uma posição mais forte no mapa e defendeu a cidade numa cerimónia de atribuição de medalhas de mérito que distinguiu 46 personalidades, entre as quais a jornalista do PÚBLICO, Ana Cristina Pereira.

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A cerimónia distinguiu também Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, natural do Porto LUSA/FERNANDO VELUDO

O presidente da Câmara do Porto disse este sábado, numa cerimónia de atribuição de medalhas municipais, que “o Porto também tem de entrar na equação de Portugal” e que não aceitará que o “centralismo dominante” subjugue a voz da cidade. “Não podemos aceitar que o centralismo dominante subjugue a nossa voz. Não seremos cigarras, mas não queremos ser formigas ao serviço de uma voz de comando que não escolhemos, que não nos reconhece, que nos abafe”, disse Rui Moreira.

Num discurso no qual citou um dos homenageados, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, o autarca disse que “o Porto que não quer ser capital de nada, mas que exigirá sempre o seu justo quinhão”.

“Sabemos que o Porto é, sempre foi, o maior inimigo desse pensamento opressivo, dessa forma de estar, desse “umbiguismo” impenitente. Porque é o Porto, com a sua estrutura social e com a sua proverbial resistência, que impede que Portugal seja uma soma de duas parcelas desiguais: a capital e a província. O Porto também tem de entrar na equação de Portugal”, referiu.

Rui Moreira disse que o Porto tem “agora, um desafio gigante”, referindo-se à transição energética e fez elogios à “capacidade” da cidade por esta ser, disse, “capaz de atrair talento humano”.

“Mas não podemos deixar que nos tolham a nossa liberdade para irmos mais longe e mais depressa. Não podemos aceitar que as insuficiências do Estado central nos afectem e, que este capture os nossos recursos, transferindo ineficiências e desdenhando as nossas capacidades”, afirmou.

Segundo o autarca, “o Porto é, seguramente, uma sociedade com mais ideias, com mais escolhas” que recuperou “rapidamente” da “súbita apneia” causada pela pandemia da covid-19.

Jornalista do PÚBLICO entre medalhados

A câmara do Porto atribuiu este sábado 46 medalhas municipais a personalidades e entidades de várias áreas, entre as quais o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e a ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima e a jornalista do PÚBLICO, Ana Cristina Pereira. A jornalista, que integra a secção de Sociedade na redacção do PÚBLICO no Porto recebeu a medalha municipal de mérito, grau ouro.

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Ana Catarina Pereira recebeu a medalha das mãos do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira LUSA/FERNANDO VELUDO

Numa cerimónia na Casa do Roseiral, no Palácio de Cristal, Augusto Santos Silva e Isabel Pires de Lima receberam a Medalha de Honra da Cidade das mãos do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e do presidente da Assembleia Municipal do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo.

A lista de homenageados foi aprovada por unanimidade em reunião de câmara, a 27 de Junho, depois de integrar as sugestões dos vários partidos, conforme foi referido na cerimónia que teve início com um momento musical interpretado pelos alunos da Academia de Música de Costa Cabral.

Desde 2014 que a cerimónia de entrega de medalhas municipais acontece a 9 de Julho, uma data simbólica, pois remete para o desembarque do exército libertador que viria pôr fim ao Cerco do Porto, a 9 de Julho de 1832. com PÚBLICO

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