Papa Francisco nega intenção de renunciar devido a problemas de saúde

Numa entrevista à Reuters, o líder da Igreja Católica desvalorizou as cirurgias ao joelho e intestino de que diz estar a recuperar. Francisco declarou ainda que as conversações com a Rússia apontam para uma visita a Moscovo e Kiev em breve.

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Papa Francisco nega intenção de renunciar em breve Reuters, Joana Gonçalves

O Papa Francisco rejeitou as recentes notícias que sugeriam que poderia renunciar em breve devido ao estado de saúde frágil, mas admitiu a possibilidade de o fazer no futuro, tal como aconteceu com o Papa Bento XVI. “Se chegar o momento em que eu veja que não consigo [desempenhar as funções], fá-lo-ei”, disse.

No sábado, numa entrevista à Reuters na cidade do Vaticano, o pontífice de 85 anos desvalorizou os problemas de saúde e cirurgias ao joelho e intestino de que foi alvo. Diz que está a melhorar e que espera autorização médica para iniciar a visita ao Canadá agendada para os dias 24 a 30 de Julho.

Segundo Francisco, o problema no joelho tratou-se apenas de uma inflamação que acabou por dar origem a uma fractura, da qual já está a recuperar, com recurso a tratamento por laser e terapia magnética. Classificou como falsas as recentes notícias sobre um possível diagnóstico de cancro. “Os médicos não me falaram disso”, declarou, entre risos.

Francisco manifestou ainda vontade de visitar Moscovo e Kiev e revelou que o encontro com o Presidente russo, Vladimir Putin, está mais perto de acontecer, tendo em conta o “diálogo aberto, cordial e diplomático”, entre o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov. “Gostaria de ir [à Ucrânia], mas queria ir primeiro a Moscovo. É possível, depois de regressar do Canadá, que consiga ir à Ucrânia. A primeira coisa é ir à Rússia para tentar ajudar de alguma forma, mas eu gostaria de ir a ambas as capitais”, revelou. É possível que a viagem aconteça em Setembro, escreve a Reuters.

Além da missão de paz, a eventual visita será também um marco para a história da Rússia e da Igreja Católica, tendo em conta que nunca nenhum Papa visitou Moscovo. Francisco tem condenado repetidamente a invasão à Ucrânia, que apelida de “guerra de agressão cruel e sem sentido”, e cancelou, em Abril, o encontro com o patriarca Cirilo e líder da Igreja Ortodoxa Russa, que apoia a “operação especial militar” do Kremlin.

Durante a entrevista, o Papa abordou a revogação do direito universal ao aborto nos Estados Unidos. Francisco lembrou a doutrina da Igreja Católica, que defende que a vida começa a ser gerada no momento da concepção. “Não posso dizer se [o Supremo Tribunal dos EUA] fez bem ou mal de um ponto de vista judicial. Respeito as decisões”, declarou Francisco.

O Papa não se alargou muito no tema, tendo apresentado como justificação o facto de não ter informação suficiente sobre o assunto para o discutir do ponto de vista jurídico. Ainda assim, questionou: “É legítimo, será correcto, eliminar uma vida humana para resolver um problema?”

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