Portugueses sem sorte em dia de covid

A desistência de dois antigos finalistas de Wimbledon voltou a colocar a pandemia no centro das conversas.

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Rafael Nadal, que não jogava sobre relva há três anos, ganhou o seu jogo TOBY MELVILLE/REUTERS

A apreensão é muita em Wimbledon que, logo à partida, já não contava com quatro tenistas do top dos rankings mundiais, incluindo o número um masculino, devido ao boicote britânico aos tenistas russos e bielorrussos. Mas Matteo Berrettini, actual 11.º mundial e finalista na última edição, anunciou a desistência de Wimbledon por ter acusado positivo à covid-19, um dia depois do mesmo ter sucedido com Marin Cilic, que também jogou aqui a final em 2017. Nos últimos dias, ambos treinaram como outros nomes sonantes como Novak Djokovic e Rafael Nadal. E Alizé Cornet veio comentar que, como a organização não obriga à realização de testes, há muitos tenistas que não querem admitir que estão contagiados, para não serem obrigados a abandonar o torneio que maiores prémios monetários oferece.

“Em Roland-Garros houve uma epidemia de covid e ninguém falou disso. Todos tinham e não se disse nada. Penso que houve um acordo tácito entre todos. Porque não nos vamos auto-testar para ficar na merda”, afirmou a francesa de 32 anos e actual 37.ª do ranking – que, em Wimbledon, somou a 62.ª presença consecutiva em provas do Grand Slam, igualando o recorde da japonesa Ai Sugiyama.

A desistência de Cilic permitiu que Nuno Borges (123.º mundial) se estreasse no quadro principal de Wimbledon, mas no embate com Mackenzie McDonald (55.º), o tenista da Maia não aproveitou nenhum dos oito break-points de que dispôs e, no terceiro set, o único em que não perdeu o serviço, desperdiçou a vantagem inicial no tie-break, quando serviu a 3/1. E ao fim de duas horas, o norte-americano, oitavo-finalista em 2018, fechou com os parciais de 6-4, 6-4 e 7-6 (7/3).

João Sousa (60.º) também não feliz apesar da excelente réplica dada a Richard Gasquet (69.º). O francês venceu os dois primeiros sets, mas Sousa começou a servir melhor e não enfrentou break-points nas terceira e quarta partidas, acabando por forçar o quinto set. Mas foi Gasquet que esteve melhor na fase decisiva. Depois de fazer o break para 3-1, o ex-sétimo mundial ganhou os seus três jogos de serviço seguintes em branco para vencer, por 7-6 (9/7), 6-2, 4-6, 4-6 e 6-3, e passar pela 11.ª vez à segunda ronda de Wimbledon.

Os dois tenistas portugueses mantêm-se em Wimbledon para competir em pares, com Sousa a actuar esta quarta-feira, ao lado do australiano Jordan Thompson. Borges e Francisco Cabral devem estrear-se apenas na quinta-feira.

Ontem foi dia de regressos a Wimbledon dos dois recordistas de títulos do Grand Slam. Cinco meses após conquistar o 21.º major na Austrália e três semanas depois de adicionar o 22.º em Roland-Garros, Rafael Nadal regressou a Wimbledon e no primeiro encontro sobre relva em três anos precisou de quatro partidas para ultrapassar Francisco Cerundolo (41.º): 6-4, 6-3, 3-6 e 6-4. O terceiro melhor argentino no ranking ATP teve oportunidades de ganhar outros sets: no primeiro, a 4-4, dispôs de três break-points e, no quarto, liderou por 4-2. Mas não impediu que Nadal se tornasse no quinto jogador na Era Open a ganhar 15 encontros consecutivos em torneios do Grand Slam, imitando Rod Laver (1969), Mats Wilander (1988), Jim Courier (1992) e Novak Djokovic (2016 e 2021).

O único jogador do top 10 na metade inferior do quadro, além de Nadal, é Stefanos Tsitsipas (5.º), que precisou de três horas e meia para afastar o suíço Alexander Ritschard (188.º), por 7-6 (7/1), 6-3, 5-7 e 6-4. Um dos favoritos que ficou pelo caminho foi Félix Auger-Aliassime (9.º) surpreendido pelo norte-americano nascido em Paris, Maxime Cressy (45.º) em quatro sets: 6-7 (5/7), 6-4, 7-6 (11/9) e 7-6 (7/5).

Para a segunda ronda qualificaram-se igualmente Denis Shapovalov, Alex Di Minaur, Reilly Opelka e Nick Kyrgios.

A Nadal, seguiu-se no court central Serena Williams, detentora de 23 títulos do Grand Slam e sem competir há exactamente um ano. A ferrugem traduziu-se em 54 erros directos e a francesa Harmony Tan (115.ª), que em Setembro passado foi finalista no future das Caldas da Rainha, aproveitou para vencer, por 7-5, 1-6 e 7-6 (10/7).

Mas quem teve a honra de abrir a jornada no court central foi Iga Swiatek, a incontestável número um do ranking mundial e recém vencedora em Roland-Garros. A polaca eliminou Jana Fett (252.ª), por 6-0, 6-3, e somou a 36.ª vitória consecutiva – um novo recorde para o ténis feminino neste século (e desde Martina Hingis, em 1997).

Em frente, seguiram também Simona Halep, Coco Gauff, Maria Sakkari, Petra Kvitova e Bianca Andreescu.

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