Cartas ao director

Especialistas

A directora-geral da saúde, Graça Freitas, disse que a “pior coisa” que pode acontecer é “adoecer em férias” e em Agosto, porque os nossos médicos estão de férias noutro sítio qualquer, culpando o Bacalhau à Brás estragado por entupir as urgências. Fiquei com tanto medo que vou deixar de comer iogurtes fora de prazo e consumir medicamentos a queimar a validade. Já não vou olhar da mesma maneira para uma banana mais escura, vegetais murchos, pêssegos maduros, e vou consultar o Ministério da Saúde para saber qual a época do ano que posso adoecer sem causar transtornos a ninguém.

Receio que o próximo conselho ternurento destes “especialistas” que nos governam seja usar sempre o preservativo para evitar o encerramento das urgências de obstetrícia, pois já vimos que o beijinho na barriga de uma grávida não resulta. Quanto ao facto de o país estar em situação de seca severa, estou confiante que as políticas públicas do outro ministério passarão pela contratação de meia dúzia de membros de uma tribo para fazer a dança da chuva.
Emanuel Caetano, Ermesinde

Casos selváticos

É triste e doloroso verificar a maldade que grassa por esse mundo fora, com destaque para a estranha guerra da Ucrânia, invadida pela Rússia, governada por um perigoso mentecapto.

Entretanto, do lado dito dos bons com os EUA à cabeça, continuam a acontecer actos selváticos, muitos deles possíveis de evitar, se o vil metal não falasse mais alto. O Supremo dos EUA bloqueou a lei de Nova Iorque que restringia o uso de porte de armas, dizendo os juízes da mais alta instância judicial norte americana que o direito a transportar armas em público é fundamental. Eles lá sabem as razões de tal decisão, não muito boas, certamente.

Enquanto isso, vão acontecendo casos selváticos, num país dito civilizado, como o assassinato a sangue frio de 19 crianças e duas professoras numa escola daquele “pacífico” país.

Depois disso, já tornou a haver outro tiroteio com mortes. Pode dizer-se que o facto de não haver licença do uso de porte de arma não evitaria o que passa, mas pelo menos atenuaria muito. Lembro-me dos antigos filmes de cowboys em que matar um ser humano, bom ou mau era um “prazer”.
Carlos Leal, Lisboa

Dramas sociais

Temos a tendência para esquecer ou adiar a resolução de problemas ou pensar que determinados dramas sociais nunca irão acontecer connosco, mas muitas vezes somos os culpados quando fingimos não ver o que se passa à nossa volta ou simplesmente ignoramos os acontecimentos trágicos, sobretudo quando os mesmos incidem sobre os mais fracos e indefesos.

Vão-se somando os casos de maus tratos a crianças, cujo termo só por si já é assustador, onde tem pouca relevância se essas crianças estão sinalizadas ou não, quando em tempo útil, não se preveniram desfechos previsíveis como a perda da vida das mesmas, e em que se procuram culpados de tais atos, mas em que a principal culpada é uma sociedade com organismos pouco funcionais e que por vezes não atuam em tempo útil.

Os dramas sociais que muitas vezes culminam com a morte de crianças, deveriam fazer-nos pensar sobre os propósitos que levaram à criação de determinados organismos, quando os mesmos poderão não dispor de meios técnicos e humanos suficientes para cumprirem com eficácia os seus objetivos, pelo que teremos de perguntar quantas mais Joanas, Valentinas e Jéssicas irão ser maltratadas para que os serviços que as deveriam proteger (e se esquecem da sua proteção) justifiquem a sua existência na sociedade?
Américo Lourenço, Sines

Exposição polémica no Palácio dos Anjos

A confusão patente no Facebook sobre uma exposição sobre a mulher no palácio Anjos em Algés parece-me um pouco estranha. Elementos da família Anjos parecem querer que se mude o nome ao palácio para que uma exposição tão indecente não manche o nome da família.

Confesso que sou sobrinho-bisneto de Policarpo Anjos, que mandou construir aquele “chalet” de praia a que hoje chamam Palácio Anjos, pelo que sou da família, mas não descendente do construtor do palácio.

O tal palácio pertence à Câmara de Oeiras, que tem o direito de lá promover as exposições que entender, sem ter de mudar o nome do edifício ou pedir autorização aos descendentes do construtor, que aliás o venderam.

Pela minha parte e baseando-me apenas no texto do PÚBLICO até tenho orgulho que a exposição se realize naquele sítio.
Carlos dos Anjos, Lisboa

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