Competitividade internacional em forte queda

Varrer para debaixo do tapete os resultados e ignorar a realidade, não faz com que o problema desapareça.

Na semana passada, surgiu uma notícia nada abonatória para a nossa credibilidade, como país competitivo para efetuar negócios. Este ano, Portugal desceu seis posições no Ranking de Competitividade Global do conceituado instituto suíço IMD.

Mas, para além do penoso 42.º lugar, existem outras evidências que nos deveriam deixar preocupados. A Espanha, nosso competidor natural por investimento estrangeiro, subiu três lugares e é agora 36.ª classificada. Além de sermos o país da Zona Euro que mais lugares desceu, conseguimos ser o pior classificado entre os países que, tradicionalmente, em conjunto com Portugal, competem pelo tão importante investimento estrangeiro.

Esta acentuada queda deveria merecer uma análise aprofundada, mas penso que as nossas elites políticas não estão interessadas em o fazer, pelo menos publicamente. Em nome do interesse nacional, todos deveríamos estar preocupados e tudo fazer para inverter rapidamente estes números. Isto porque varrer para debaixo do tapete estes resultados e ignorar a realidade, não faz com que o problema desapareça. O problema não está no ranking, o problema é que a realidade é mesmo essa. Podemos discutir a forma como o ranking é elaborado, mas não é por causa do ranking que estamos a perder competitividade. Continuamos a ser ultrapassados por tudo e por todos, fundamentalmente porque outros países estão a evoluir e Portugal parou no tempo.

Este ranking é composto por dezenas de itens que se encontram integrados em quatro grandes áreas: desempenho económico, eficiência governativa, eficiência empresarial e infraestruturas. No desempenho económico descemos cinco lugares em relação a 2020, na eficiência governativa descemos nove lugares também em relação a 2020 e em relação a 2021 perdemos quatro lugares na eficiência empresarial e três nas infraestruturas. Já não são só os países que saíram da esfera soviética que nos estão a ultrapassar. Em termos de eficiência governativa até Botsuana, Indonésia e Malásia estão à nossa frente.

Alguns itens em que devemos melhorar são: dívida pública, evasão fiscal, despesa pública em percentagem do PIB, necessidades de financiamento futura para pensões, nível de carga fiscal, I&D, transferência de conhecimentos, etc. Não falta onde possamos fazer melhor.

Prevê-se que nos próximos anos se continue a usufruir de estabilidade política, o que poderá facilitar a tomada de decisões que criem sustentabilidade na promoção da competitividade e reforço dos seus pilares. Mas não nos esqueçamos que nos últimos anos também tivemos essa estabilidade e viu-se o que aconteceu.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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