Cartas ao director

A posição certa portuguesa sobre a adesão da Ucrânia à UE

A Ucrânia formalizou o pedido de adesão à União Europa e a Comissão Europeia, cuja presidente, alemã, país que manteve comércio com a Rússia de Putin até 23 de Fevereiro, claramente, e depois camufladamente, já aceitou o pedido de adesão, pelo que o Conselho Europeu que terminou ontem mais não fez que anuir quanto à concessão do estatuto de “país candidato” à Ucrânia.

Dada a situação actual de guerra, a Ucrânia não deveria ter a aprovação da UE, mais que não fosse pelas implicações sérias para a UE e para a sua política de alargamento. Temos vários países em lista de espera, e estas questões não devem ser resolvidas emocionalmente, e para se ficar bem no “retrato”. Dizer sim à Ucrânia implica dizer sim aos pedidos dos Balcãs Ocidentais, onde há quatro Estados já candidatos, com negociações problemáticas ou ainda sem começar, e dois Estados formalmente à espera do estatuto de país candidato.

Todos sentimos que depois de 24 de Fevereiro o mundo se modificou, mormente na Europa e para a Europa. Vários chefes de Estado e Governo, incluindo António Costa, lembram que os critérios de entrada são muito exigentes e que as negociações de adesão da Ucrânia irão demorar décadas. Quando a guerra terminar a UE terá mesmo de repensar e revisitar os critérios de adesão, reflectindo precisamente a sua “nova natureza” geopolítica.

O Governo português esteve sempre muito bem na condenação explícita, enérgica da loucura de Putin, na solidariedade inequívoca, no alinhamento com a UE e a NATO. O primeiro-ministro continua muito ponderado quanto à perspectiva europeia a dar à Ucrânia. Portugal, pela tradição atlantista e pelo empenho europeu, conhece bem a profunda mudança da ordem europeia e global. Mais uma razão para não ser a favor a proposta de adesão, já, da Ucrânia à União Europeia.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

A exposição no palácio Anjos

A confusão patente no Facebook sobre uma exposição (Amor Veneris – Viagem ao Prazer Sexual Feminino), que o PÚBLICO noticiou com algum destaque na quinta-feira) no palácio Anjos em Algés, parece-me um pouco estranha. Elementos da família Anjos parecem querer que se mude o nome ao palácio para que uma exposição tão indecente não manche o nome da família Anjos.

Confesso que sou sobrinho-bisneto de Policarpo Anjos, que mandou construir aquele “chalet” de praia a que hoje chamam Palácio Anjos. O tal palácio pertence à Câmara Municipal de Oeiras, que tem o direito de lá promover as exposições que entender, sem ter de mudar o nome do edifício ou pedir autorização aos descendentes do construtor, que aliás o venderam. Pela minha parte e baseando-me apenas no texto do PÚBLICO até tenho orgulho que a exposição se realize naquele sítio.

Carlos Anjos, Lisboa

Aumento das pensões

Os níveis de pobreza em Portugal tendem a aumentar como consequência da inflação e do aumento do custo de vida, bem como dos baixos rendimentos de que muitos cidadãos usufruem, com os quais se vêem incapacitados de fazer face ao aumento das despesas, o que gera o inevitável aumento da pobreza no país, onde as respostas sociais não conseguem vir de encontro às necessidades dos mais vulneráveis.

O aumento das pensões é sem dúvida uma boa notícia para os cidadãos com rendimentos reduzidos, e poderá ser visto como uma medida de combate à pobreza, quando esta última é uma mancha negativa na imagem do país, que vive em muitos casos da subsidiodependência, o que potencia a existência de muitas situações de injustiça mediante a cegueira de leis pouco claras.

Por vezes ouvimos falar da sustentabilidade da Segurança Social, mas quando temos a ideia de que existe uma disparidade entre os cidadãos que fazem descontos e aqueles que apenas recebem pensões ou subsídios, ao mesmo tempo que sabemos que a pobreza é um flagelo para o qual urge encontrar respostas, seria importante que tivéssemos a consciência de que os recursos são finitos, podemos estar a contribuir para a insustentabilidade a breve trecho de um sistema incapaz de responder às necessidades dos cidadãos.

Américo Lourenço, Sines

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