Filas no aeroporto de Lisboa: indignação

O que se passou no aeroporto de Lisboa é um atentado contra a tradição portuguesa de bem receber os outros. É a pior das receções que um estrangeiro pode ter à chegada a um país que escolheu e pagou para visitar.

O que se passou hoje no aeroporto internacional de Lisboa foi uma enorme afronta contra a dignidade humana. Filas quilométricas de passageiros foram tratadas como se fossem gado, obrigadas a esperas que iam de quatro a cinco horas, de pé, sem a mais pequena das explicações, sem o apoio de uma cadeira, de água ou de qualquer conforto, fosse esse conforto a simples presença de alguém que atendesse os casos de pessoas com necessidades especiais. A humilhação foi distribuída por igual entre os que não tivessem um passaporte da União Europeia. Jovens, mães com crianças, idosos e pessoas com deficiência foram obrigados sentar-se no chão e ali esperaram até que a exaustão se converteu num imenso clamor de protesto e de revolta. Vergonha, isto é uma vergonha, gritavam as pessoas.

Enfim, o que se passou hoje no aeroporto de Lisboa é um atentado contra a tradição portuguesa de bem receber os outros. É a pior das receções que um estrangeiro pode ter à chegada a um país que escolheu e pagou para visitar. Senti isso na pele, juntamente com centenas de pessoas já exaustas depois de longos voos e que, em vez de um abraço de boas-vindas, enfrentaram a humilhação de um dia que não esquecerão nunca.

Portugal perde, com estes casos, uma boa ocasião para não ser mais um desses países que recebe com duas portas: uma para os europeus e outra para os que parecem ser menos cidadãos neste mundo que se diz global.

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