De volta ao Porto, o erotismo dos Trash Circus traz “à tona a realidade que vive nos sonhos das pessoas”

Até 24 de Junho, uma vez por semana, o festival Sex, Freak & Rock n Roll ocupa o Café Lusitano, no Porto. O espectáculo de estreia misturou o kinky, a religião e o prazer e onde a sexualidade tem um propósito que não é "pornográfico".

Paulo Pimenta
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“Eu tenho medo que as pessoas me sexualizem.” Estamos no Café Lusitano, no Porto, horas antes do espectáculo Transgredire, na noite de sexta-feira, 3 de Junho. Num casulo revestido de plumas, fatos, maquilhagem, espelhos e adereços, dá-se a metamorfose. Beatriz Magalhães, que dentro de momentos será Secret Goodness, esclarece que o propósito das actuações dos Trash Circus é “usar, sim, a sexualidade, mas para abordar coisas mais fortes, como política, machismo e racismo”. “Eu não quero que as pessoas me sexualizem para um lado mais pornográfico, porque esse não é o objectivo. Esse medo existe sempre, porque estamos em Portugal, infelizmente é uma realidade normal”, afirma. 

Em palco, rasgam-se as redes que enclausuram os corpos, despem-se os preconceitos. O erotismo fetichista funde-se com um cenário pós-apocalíptico de contornos vampirescos, congregando a morte, a religião e o prazer numa obra que não se repete. Uma linguagem pontuada pela improvisação, que “traz o lado mais animal das pessoas”, diz Beatriz. No chão, as correntes, o leite e vinho entornados, as roupas caídas e a fruta gasta dão conta da passagem de Secret Goodness, Velvet Venus e Leo Switch, que nada mais fizeram do que trazer “à tona a própria realidade que vive nos sonhos das pessoas”. 

O festival Sex, Freak & Rock n Roll leva pela primeira vez ao Café Lusitano o grupo criado por Pascal Talamazzi, que, no Porto, já havia passado pelo Barracuda. Mário Carvalho, proprietário do espaço, explica que sempre teve a preocupação de oferecer algo inovador e ousado à vida nocturna portuense, algo que falta à cidade. “O Porto é uma cidade de que eu gosto muito, mas que ainda é um bocadinho provinciana em algumas coisas.”

Ainda assim, a procura existe. “Eu tenho pessoas que me telefonaram com curiosidade e que sei que vêm exactamente porque isto espicaçou-os um bocadinho. Eles nem sabem até onde [o espectáculo] poderá ir ou não”, diz Mário Carvalho.

As performances do festival distribuem-se por quatro dias. Se na última sexta-feira o foco foi o erótico, dia 9, quinta-feira, vai ser o BDSM a estar em evidência. Dia 17, uma parte mais gore e trash, enquanto na última sexta-feira, 24, entrará em cena o burlesco. Os bilhetes podem ser adquiridos no Café Lusitano e custam entre cinco e dez euros.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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