Cartas ao director

São pior a emenda do que o soneto...

As eleições para a liderança do PPD/PSD estão aí à porta. Este partido com duas siglas tem vários “partidos” no seu seio. Até há uma sensibilidade política que se chega ao Chega... Quando não são poder transformam-se num saco de gatos. Concorre Moreira da Silva, um envernizado cavaquista/passista em versão português suave e Luís Montenegro. Este é um clone de Passos Coelho, com uma linguagem agressiva, sendo adepto do darwinismo social. O descalabro do desgoverno do seu “guru” está colado ao seu passado político. A recusa de Montenegro em não se confrontar politicamente com o concorrente ficou-lhe muito mal. Estes acrescentam algo para a vida dos trabalhadores? Sim, a regressão dos seus direitos. As organizações patronais têm nestes dois uns bons ecos e competentes representantes... Entre um e outro venha o diabo e escolha. A travessia no deserto do abusivamente auto-intitulado partido social-democrata continuará.

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

As agendas incompatíveis de Montenegro

Nunca entendi a ausência de debates seja em que partido for e, por isso mesmo, não consigo entender a posição de Luís Montenegro quando invoca agendas incompatíveis para debater com o seu opositor à liderança do PSD. É certo que Rui Rio matou o PSD mas, também aí, Luís Montenegro tem responsabilidades. Tenho saudades do tempo em que os políticos eram pessoas como Sá Carneiro, Mário Soares, Álvaro Cunhal ou Freitas do Amaral, ou seja, políticos a sério e homens de convicções. Hoje, infelizmente para nós, a política parece ser feira por pessoas que se movem não por convicções mas por interesses pessoais e, queiramos ou não, um PSD forte faz muita falta à politica nacional.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

A falência das Forças Armadas

O alerta lançado por oficiais-generais na reserva ou na reforma sobre a situação das Forças Armadas não deixa de ser extremamente preocupante e esse estado pode pôr em causa a capacidade do país se defender de qualquer ameaça aos seus interesses. É sabido que os governos que estiveram à frente do país desde 2011 tudo fizeram para desfazer o nosso aparelho militar que já era bem limitado desde o fim do serviço militar obrigatório.

Com os custos proibitivos dos actuais equipamentos de defesa e com poucos jovens interessados em vestir uma farda, para mais com vencimentos que atentam contra a dignidade de quem jura defender o país até às últimas consequências, o sector da Defesa está em coma. Na verdade, os últimos dois titulares da pasta da Defesa, com a cobertura total dos seus chefes, abriram uma cova em que a sociedade militar tem vindo a ser paulatina e silenciosamente enterrada.

Quanto aos dois últimos Presidentes da República também eles são responsáveis pelo estado deplorável a que chegaram as nossas Forças Armadas pois, como comandantes-supremos, não quiseram ou não souberam impor-se numa matéria de fundamental importância para o futuro do país enquanto Estado independente que, trilhando este caminho, poderá tornar-se dependente de terceiros em matéria de segurança e defesa.

Não queiramos repetir algumas páginas negras da nossa velha História.

Manuel Alves, Lisboa

Se o ministério confiasse nos resultados de sucesso que exige aos professores

Decorrem no ensino básico as chamadas provas de aferição. Estas provas não se reflectem nas avaliações formais dos alunos, razão por que, no entendimento deles, “não servem para nada”. Em consequência, nem se preparam para a sua realização nem se esforçam durante a sua execução. Tanto se lhes dá! Pelo que, a credibilidade dos resultados dificilmente corresponde ao desejável.

Do ponto de vista do ministério, talvez interesse saber, particularmente após os tempos de pandemia (que persiste…) as áreas de saber mais e menos conseguidas, em várias disciplinas. Porém, é legítimo que nos interroguemos sobre o porquê de não recolher esses dados a partir do trabalho dos professores, que todos os dias de cada ano lectivo lidam com os alunos e, no 2.º e 3.º ciclos, propõem as classificações que são ratificadas pelos conselhos de turma (reuniões de avaliação), nos finais de cada período e de cada ano lectivo. Com boa organização, e dispensando tanta burocracia inútil, devia conseguir-se. Além disso, manifestava-se confiança nos docentes, envolvendo-os na obtenção de informação útil.

O que sinto, enquanto docente, é que o ministério não confia na capacidade e no rigor da avaliação dos professores. Reciprocamente, os professores percebem que o estudo feito não prima pela exactidão e (também) não lhe dão importância. Que vantagens há em trabalhar assim?

José Batista d’Ascenção, Braga

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