Estudo aponta subfinanciamento como problema estrutural do desporto em Portugal

Covid-19 serviu apenas para trazer ao de cima fragilidades que já há muito afectam o sector.

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Francisco Romao Pereira

Decorreu na manhã desta quinta-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a apresentação do estudo Áreas prioritárias e recomendações gerais para o sector do desporto em Portugal. Uma iniciativa financiada pelo Comité Olímpico Internacional e organizada pelo Comité Olímpico Português (COP), que permitiu concluir que o subfinanciamento é um dos principais problemas que o sector enfrenta.

Este trabalho, feito em parceria com a Price Waterhouse Coopers (PwC), baseou-se numa análise do panorama desportivo português (também ele comparado com a realidade europeia) e do impacto da covid-19 no sector, definindo desafios para o futuro e recomendações gerais para a reestruturação desta área.

Cláudia Rocha, uma das autoras do estudo, afirmou durante o discurso que a pandemia afectou as organizações desportivas portuguesas “e também indivíduos que estão ligados ao desporto”, acrescentando que a covid-19 “trouxe apenas ao de cima fragilidades que estão há muito presentes no sector”.

Quando comparado com o panorama desportivo europeu, Portugal “apresenta muitos aspectos de minoria, desde a prática regular do exercício físico, até ao nível de sucesso no desporto de alto rendimento”. De resto, em termos da prática desportiva regular, Portugal está entre os países com níveis de actividade mais baixos da Europa, sendo ainda que, relativamente ao desporto de elite, e apesar de conseguir qualificar vários atletas para competições olímpicas, apresenta debilidades que impossibilitam o país de concretizar o seu potencial na conquista de medalhas.

Cláudia Rocha sublinhou ainda que, “apesar do conhecimento generalizado da importância do desporto para a sociedade, o desporto continua a não ter o devido destaque”. E entre os problemas elencados o trabalho destaca o financiamento (subfinanciamento e muito dependente dos apoios públicos), a profissionalização, a necessidade de uma maior participação desportiva, a inovação e, por fim, a responsabilidade social e um melhor alinhamento estratégico.

A importância de investir de forma mais eficiente e transparente, bem como melhorar as condições de trabalho no sector desportivo é, assim, uma das ideias-chave do trabalho, que defende ainda uma “maior especialização e valorização dos professores” da disciplina de Educação Física.

Por sua vez, Francisco Assis, presidente do Conselho Económico e Social, afirmou que Portugal “é dos países europeus que menos desporto pratica”, destacando ainda que este sector é “muito importante para a formação de qualquer ser humano” e sublinhando ainda que “uma sociedade que pratica mais desporto é uma sociedade mais saudável”.

No encerramento da cerimónia, José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, explicou que “o desafio que se coloca ao desporto” é similar ao que se levanta noutras áreas sociais, acrescentando que é de capital importância um reforço por parte do Estado, através de “meios e recursos”.

Texto editado por Nuno Sousa

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