Um Tiger Woods mais forte no PGA Championship

Faz segundo teste do ano após acidente que quase levou à amputação da sua perna direita

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Tiger Woods está confiante no relançamento da sua carreira em Southern Hills

Tiger Woods compete a partir desta quinta-feira no US PGA Championship, o segundo major do ano, que terá lugar até domingo no Southern Hills Country Club, em Tulsa, Oklahoma (EUA). 

Será o seu segundo torneio no PGA Tour desde o acidente de viação, em Fevereiro de 2021, em Los Angeles, o qual lhe provocou graves lesões na perna direita, incluindo risco de amputação. O primeiro torneio foi no Masters de Augusta National, em Abril. 

Tal como então, esta semana, quando questionado se achava que podia ganhar, Woods foi peremptório: “Sinto que sim, definitivamente. Só tenho de fazer o meu trabalho. Começa na quinta-feira e estarei pronto.” 

“Ele é teimoso, determinado”, disse, a propósito, o norte-irlandês Rory McIlroy, duplo campeão do PGA Championship (2012 e 2014) e actual n.º 7 mundial, que jogará com Tiger nas duas primeiras voltas, num grupo que fica completo com o norte-americano Jordan Spieth, n.º 8, e a quem só falta o PGA Championship para completar o Grand Slam de carreira. Já venceu o Masters (2015), o Open dos EUA (2015) e o British Open (2017). 

O actual n.º 1 mundial, Scottie Scheffler, de 25 anos, texano como Spieth, procura tornar-se o primeiro jogador desde… Spieth em 2015 a vencer os dois primeiros torneios do ano. 

A diferença é que em 2015 Spieth conquistou o Masters e o Open dos EUA, ao passo que para Scheffler seriam o Masters e o PGA Championship, que em 2019 mudou de data, de Agosto para Maio, passando a ser o segundo major do ano, quando sempre tinha sido o último. 

Scheffler, que nunca no passado vencera no PGA Tour, mas que já era considerado o melhor jogador do mundo sem uma vitória no circuito, venceu quatro dos últimos sete torneios que jogou desde Fevereiro, começando no Waste Management Phoenix Open e terminando no Masters, passando pelo Arnold Palmer Invitational e o WGC-Dell Technologies Match Play. 

McIlroy mostrou-se pouco surpreendido pelo regresso de Woods. “É para isso que ele vive. Ele vive para estes major championships e, se acredita que pode fazer 18 buracos, acredita que pode vencer.” 

Actualmente numa distante 818.º posição no ranking mundial, tabela que liderou na sua carreira num total de 683 semanas, Woods procura o seu quinto título no PGA Championship e o primeiro desde 2007 em… Southern Hills. 

Venceu este major da PGA of America também em 1999 (Sahale, estado de Washington), 2000 (Valhalla, em Louisville, Kentucky) e 2006 (Medinah, Illinois). 

Soma 15 títulos no Grand Slam, o último no Masters de 2019, após uma longa travessia do deserto que durou entrou 2014 e 2017, em que pouco jogou, consequências de múltiplas lesões nas costas. 

Uma fusão espinhal – técnica cirúrgica na qual uma ou mais vértebras da coluna são unidas – permitiu-lhe regressar ao mais alto nível em Setembro de 2018, com a vitória no Tour Championship, a que acrescentou o título no Masters em Abril de 2019, o seu 15.º título em majors. Também venceu o Zozo Championship em Outubro de 2019. 

Mas nunca se livrou realmente de problemas nas costas: quando se despistou em Fevereiro do ano passado, por excesso de velocidade, numa via-rápida em Los Angeles, estava fora dos relvados, em recuperação de uma microdiscetomia. 

Aliás, o acidente ocorreu no dia seguinte ao final do Genesis Invitational, no Riviera Country Club, uma prova de que é o anfitrião, e na qual naturalmente não competiu. O seu último torneio fora a defesa do título (38.º) no Masters, em Novembro de 2020, numa edição adiada de Abril devido à pandemia. 

Com 15 títulos no Grand Slam moderno, é o segundo mais prolífico campeão de majors, só superado por Jack Nicklaus, que venceu o seu 18.º título por ocasião do Masters de 1986, com 46 anos. Entre os jogadores em actividade, Phil Mickelson, californiano como Tiger Woods, é quem mais vitórias tem em majors, e são “só” seis, a última obtida no PGA Championship de há um ano em Kiawah Island,  na Carolina do Sul. 

Mickelson tornou-se então, com 50 anos, 11 meses e sete dias, o mais velho vencedor de um major do golfe, superando Julius Boros no PGA Championship de 1968, este então com 48 anos e quatro meses. 

No entanto, tão incrível como a vitória do esquerdino “Lefty” na edição passada do PGA Championship é a sua ausência este ano. Mickelson posicionou-se no centro de uma luta de poder entre o PGA Tour e um novo circuito mundial financiado pela Arábia Saudita que vai arrancar em Junho em Londres, o LIV Golf Invitational Series. 

Enquanto todos os grandes nomes da modalidade anunciavam a sua lealdade ao PGA Tour, Mickelson foi tecendo fortes críticas ao circuito, o que foi entendido como uma tentativa deliberada e subversiva de legitimar aquela iniciativa de uma super-liga de golfe milionária, ao estilo da Fórmula 1, por equipas e individual. Como tal, foi ficando cada vez mais isolado. 

Acabou por pedir desculpas pelo teor das suas palavras e informar que se iria retirar do jogo por uns tempos. Foi fortemente criticado pelos companheiros do Tour. Perdeu os seus principais patrocinadores. Está desaparecido de competição desde o final de Janeiro no Farmers Insurance Open (cut falhado), em Torrey Pines, na sua cidade-natal de San Diego. 

Voltando a Tiger Woods e ao Masters do mês passado, no seu regresso à competição após uma ausência de 14 meses: Woods abriu com um resultado surpreendentemente positivo de 71 (-1) que o deixou às portas do top-10. Passou o cut com uma segunda volta de 74 (+2). No fim-de-semana, no entanto, scores de 78-78 relegaram-no para o 47.º lugar final. Coxeou durante todo o fim-de-semana. 

A sua queda na tabela no Masters prendeu-se com dois factores. Primeiro, dores e cansaço: o campo de Augusta National é bastante acidentado, tendo-lhe provocando cansaço suplementar, quando se sabia que caminhar longamente era na altura o seu maior problema. Diz que se sentiu como se tivesse subido o Everest. 

“O que me frustrou é que se deteriorou com o passar da semana”, confessou em conferência de imprensa na terça-feira em Southern Hills. “Fui ficando cada vez mais mais cansado e cansado. Não tinha a resistência que queria.” E, duro consigo próprio: “Quero dizer, não a tive porque não a mereci. Parece que, afinal, não tinha feito o trabalho.” 

Segundo, o putting, que não o deixou ir mais além no Masters, com danos sobretudo na terceira volta, sábado, em que fez quatro greens oficiais a três putts, mais dois da orla do green e um green a quatro putts, para um total de 36 putts nessa jornada. 

Woods acabaria por reconhecer que, dadas as múltiplas fraturas expostas sofridas no acidente, só o facto de ter conseguido o jogar no Masters – uma prova de que é pentacampeão – foi uma conquista, mais ainda o ter marcado presença na fase final. Mas voltou imediatamente ao trabalho. 

Desde então, frisou esta semana, permitiu-se apenas um dia de folga, na segunda-feira do pós-Masters, enquanto continua, aos 46 anos, a preparar-se física e tecnicamente para tentar acrescentar mais feitos extraordinários à sua brilhante carreira no golfe, com 82 títulos só no PGA Tour, tantos como os de Sam Snead (1912-2000), do qual tenta descolar.

Reconheceu que está mais forte para Southern Hills, um campo também mais acessível em termos físicos, e onde sabe o que é preciso fazer para ganhar. “Conseguimos trabalhar um pouco mais e vai melhorar com o passar do tempo”, diz. “A minha equipa fez um trabalho incrível apenas para me levar a um ponto em que eu pudesse jogar o Masters. Fiquei mais forte desde então. 

Mas salvaguarda: “Ainda vai doer e andar é um desafio. Posso bater bolas de golfe... mas haverá limitações para o que serei capaz de fazer.” 

No fundo, Woods vai tentar travar mais uma batalha da mente com o corpo, como quando venceu o Open dos EUA em 2008 em Torrey Pines, num play-off de 18 buracos com Rocco Mediate, jogando a coxear, de uma fractura de stress na perna.

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