Em Mariupol morre-se de fome, alerta o director do Programa Alimentar Mundial

As restrições ao acesso à ajuda ajuda humanitária estão afectar milhares de ucranianos. PAM alerta também para efeitos desastrosos que já se fazem sentir noutras partes do mundo, resultantes da quebra de produção de cereais na Rússia e na Ucrânia.

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Em Mariupol, mais de 100 mil civis precisam desesperadamente de comida, água e aquecimento Reuters/ALEXANDER ERMOCHENKO

O director-executivo do Programa Alimentar Mundial (PAM) disse na quinta-feira que a população da cidade sitiada de Mariupol está “a morrer à fome” e que a crise humanitária na Ucrânia piorará nas próximas semanas, quando a Rússia intensificar a ofensiva.

Em entrevista à agência de notícias norte-americana Associated Press (AP), em Kiev, David Beasley advertiu também que a invasão russa da Ucrânia, grande exportadora de cereais, corre o risco de destabilizar países distantes e poderá desencadear vagas de migrantes em busca de uma vida melhor noutros lugares.​

A guerra foi “devastadora para o povo da Ucrânia”, afirmou, lamentando as dificuldades de acesso com que o PAM e outras organizações humanitárias se confrontaram ao tentarem chegar às populações necessitadas no meio do conflito.

A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
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A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS

“Não vejo nada a tornar-se mais fácil”, comentou. O PAM está agora a tentar colocar reservas de alimentos em zonas que poderão ser atingidas pelos combates, mas Beasley reconheceu que há “muitas dificuldades”, à medida que a situação rapidamente evolui.

A falta de acesso é parte do problema, sublinhou, mas a outra parte é a escassez de mão-de-obra e de combustível, porque os recursos estão a ser desviados para o esforço de guerra.

“Não serão só os próximos dias - as próximas semanas e próximos meses poderão ser ainda mais complicados”, indicou, acrescentando: “Na verdade, [a situação] está a ficar cada vez pior, concentrada nalgumas áreas, e as linhas da frente vão mover-se”.

Em Mariupol a situação é especialmente preocupante, diz o responsável, onde um número cada vez menor de combatentes ucranianos resiste ao cerco do Exército russo, que deixou encurralados mais de 100 mil civis que precisam desesperadamente de comida, água e aquecimento.

“Não vamos desistir das pessoas de Mariupol e de outras pessoas que não conseguimos alcançar. Mas é uma situação devastadora: as pessoas vão morrer à fome”, frisou.

O director-executivo do PAM alertou ainda para efeitos em cadeia desastrosos, devido ao papel da Ucrânia como principal fornecedor internacional de cereais. Juntas, a Rússia e a Ucrânia produzem 30% da oferta mundial de trigo e exportam cerca de três quartos do óleo de sementes de girassol do mundo. Metade dos cereais que o PAM compra para distribuição em todo o mundo procede da Ucrânia.

Cerca de 30 milhões de toneladas de cereais destinados à exportação não podem ser expedidos em navios mercantes por causa da guerra, referiu Beasley, de tal forma que o PAM se viu obrigado a reduzir para metade as rações para milhões de pessoas, muitas em África, e poderão ser necessários ainda mais cortes, explicou.

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