Rangers roubou a bola e o sonho ao Sp. Braga

Minhotos, em inferioridade numérica perto do intervalo, caíram nos quartos-de-final da Liga Europa, depois de ainda terem forçado o prolongamento, em Glasgow.

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Reuters/RUSSELL CHEYNE

Durou pouco, muito pouco a vantagem do Sp. Braga na eliminatória. Em Glasgow, na segunda mão dos quartos-de-final da Liga Europa, o Rangers anulou, logo aos 2’, o golo que sofrera no Minho e arrancou para uma exibição autoritária (3-1), manietando um adversário que ainda forçou o prolongamento e acabou com nove jogadores. Serão os escoceses a marcar presença nas meias-finais, diante do RB Leipzig.

Mais do que o apoio do público, foram a intensidade e a predisposição para controlar o jogo com bola que empurraram os escoceses para uma prestação de qualidade. Em 4x2x3x1 e com os defesas a assumirem sem receio o protagonismo (Bassey foi determinante na saída de bola e os laterais, Tavernier e Barisic, desequilibradores à direita e à esquerda), o Rangers ensaiou um futebol combinativo e eficaz.

Aquilo que o Sp. Braga, que surgiu em 3x5x2, com Ricardo Horta e Abel Ruiz na frente (ora apoiados por Castro à direita, ora por André Horta à esquerda), tinha feito na primeira mão, conseguiu desta vez o Rangers: assumir sem rodeios a iniciativa. E para isso muito contribuiu o golo madrugador de Tavernier, numa segunda bola após um canto que surpreendeu Matheus na baliza.

O Sp. Braga acusou o golpe e aos 5’ viu o adversário voltar a festejar, após cabeceamentode Roofe na área, mas o lance seria invalidado por mão na bola antes do cruzamento. Poderia ter sido uma oportunidade para a equipa portuguesa assentar as ideias e o jogo, mas a incapacidade de pressionar devidamente a saída de bola escocesa manteve sempre os minhotos à margem.

Depois de um conjunto de boas ocasiões para elevar a vantagem — remate de Roofe à barra (32’) e desvio de cabeça de Aribo (35’), ambos em pontapés de canto —, o Rangers fez mesmo o 2-0 antes o intervalo. Passe longo de Bassey, a mais de 30 metros, Roofe ganha a frente a Tormena e é carregado na área. O árbitro assinalou penálti, expulsou o central bracarense e Tavernier aproveitou para bisar.

Em inferioridade numérica, o Sp. Braga voltou dos balneários sem André Horta e com Francisco Moura, mas manteve uma linha defensiva de cinco (Fabiano passou para central), prescindindo de um elemento no miolo. Resultado? Com a acumulação do desgaste, o Rangers, que no primeiro tempo tinha construído essencialmente por fora, foi encontrando mais espaço no corredor central e Aribo esteve perto do 3-0 (51’).

O médio inglês, internacional pela Nigéria, foi um dos dínamos dos escoceses e o jogador com mais critério no meio-campo — forte fisicamente, capaz de proteger a bola e com drible curto, era a referência que o Rangers procurava para construir em apoio. Foi dele também a assistência para novo golo invalidado a Roofe (70’).

Sem conseguir a habitual construção curta e sem habilidade para os passes mais longos, à procura da profundidade, o Sp. Braga ficava dependente de um lance de bola parada. E ele surgiu já nos minutos finais, um canto de Iuri Medeiros finalizado com precisão por David Carmo, com um bom golpe de cabeça.

O Rangers pagava o preço da ineficácia na finalização, os minhotos viam premiados o esforço e a organização sem bola. A decisão resvalava para o prolongamento, mas o suplemento anímico do Sp. Braga não foi suficiente para compensar o desgaste físico e o 3-1 dos escoceses chegou por Roofe, aos 101’, com assistência de, claro está, Joe Aribo.

Se, apesar de tudo, ainda havia vida para os portugueses neste momento, a cortina caiu com a expulsão de Iuri Medeiros (105’) - o extremo viu dois amarelos consecutivos, primeiro por uma falta grosseira, depois por ter contestado o critério disciplinar do árbitro, que antes tinha perdoado o segundo amarelo a Roofe.

Ainda com mais espaço para manobrar, o Rangers foi coleccionando ocasiões para chegar ao quarto golo, mas a displicência na finalização e a barra da baliza de Matheus foram anulando as tentativas escocesas até ao derradeiro apito.

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