Para quem é precário toda a vida, pensar na reforma é um privilégio

Saltam entre trabalhos temporários, recebem “por baixo da mesa” ou não conseguem sair do desemprego. Com poucos anos de descontos para a Segurança Social, a reforma será uma batalha: há quem tenha medo de não ter o que comer ou quem se imagine a trabalhar a vida toda. E, mesmo os jovens, já pensam em alternativas para sobreviver na sua velhice.

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Cristina Sousa, de 47 anos, cresceu em Soutilha das Aguieiras, uma pequena aldeia em Mirandela. Para tomar conta dos cinco irmãos mais velhos, foi obrigada a sair da escola quando completou o sexto ano de escolaridade. À revelia dos pais, chumbou de propósito no ano escolar anterior na esperança de ter mais um ano de aulas mas rapidamente teve de começar a trabalhar. Durante a adolescência passava os dias na apanha da azeitona, da batata e, no fim do Verão, não faltava às jornadas das vindimas. Por vezes, viajava até às pequenas comunas de Nouvelle-Aquitaine, no Sudoeste de França, para apanhar morangos, kiwis ou tabaco.