Fuel-óleo do "Prestige" chega às praias da Corunha

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A costa entre o cabo Toriñan e Camariñas foi atingida ontem pelos primeiros fragmentos da segunda mancha Lavandeiras Jr/Efe

Fragmentos da segunda grande mancha de fuel-óleo do "Prestige" chegaram hoje às praias da cidade da Corunha, no Norte da Galiza.

Dezenas de praias da região foram já atingidas pelo combustível, numa altura em que se aguarda que o submersível francês "Nautile" desça a 3500 metros de profundidade para observar os restos do petroleiro. O rei de Espanha chegou, entretanto, a Muxía.

Segundo a edição online do diário espanhol "El Mundo", um total de 164 praias galegas foram afectadas pela poluição libertada e contam-se já em milhares o número de aves mortas. Esta manhã foi encontrada uma cria de golfinho morta junto ao cabo Touriñan, no nordeste da Galiza. O animal, coberto de combustível, é o primeiro mamífero encontrado morto na sequência do derrame.

As manchas atingiram durante a noite as praias de Riazor, Orzán e Amorosas, na cidade da Corunha mas, segundo o presidente da câmara local, os restos de fuel-óleo "não afectam para já nem a entrada da ria nem a baía de San Amaro", onde várias equipas de limpeza da autarquia estão lutar contra o combustível. O autarca revelou ainda que apareceram vários animais mortos na praias da cidade.

Durante o dia de ontem fragmentos da segunda mancha chegaram à costa galega já afectada pela primeira vaga de poluição, entre o cabo Touriñan e Camarinãs.

Mau tempo impede combate à poluição

A maior mancha detectada até ao momento — com cerca de 200 por 450 metros e mais de dez mil toneladas de combustível — permanece a cerca de 19 milhas do litoral, mas os barcos de combate à poluição continuam impedidos de actuar nas melhores condições devido às más condições atmosféricas. O mau tempo que se regista na zona, com chuva e ventos fortes, tem levado a que as manchas detectadas se fragmentem e desloquem sem rumo fixo, tornando difícil prever onde irão dar à costa.

Já esta manhã dois pequenos rastos de combustível, ao que tudo indica libertados pelo "Prestige", foram localizados a cerca de 20 milhas da costa ocidental das Astúrias.

Entretanto, a Junta Autónoma da Galiza ordenou a proibição da apanha de marisco nas rias de Ferrol e Cedeira, no extremo nordeste da costa galega.

Ao final da manhã, o rei Juan Carlos chegou de helicóptero à localidade de Muxía, acompanhado pelo vice-presidente do Governo, Mariano Rajoy, e pelo presidente da Junta Autónoma, Manuel Fraga Irribarne.

Numa breve visita ao passeio marítimo da localidade, o monarca espanhol pôde observar os efeitos da poluição nas praias da zona. Durante a visita à localidade, o rei irá reunir-se com representantes dos pescadores e mariscadores impedidos de trabalhar e com a Comissão do Meio Ambiente do Parlamento galego. À tarde, Juan Carlos visita a localidade de Laxe, onde irá encontrar-se com os representantes da Comissão de Pesca do Parlamento galego.

Submersível pronto a actuar

Durante toda a manhã o mini-submarino francês "Nautile" esperou no porto de Vigo pela melhoria das condições no mar para poder dirigir-se à zona onde o petroleiro liberiano se afundou, a cerca de 130 milhas da costa galega, numa zona em que o mar atinge uma profundidade de 3500 metros.

Assim que as condições o permitirem, o mini-submarino, com três tripulantes a bordo, irá tentar chegar aos destroços do petroleiro, a fim de determinar se o combustível continua a libertar-se dos tanques.

Com oito metros de comprimento, o submersível tem capacidade para fazer mergulhos de quase cinco horas, incluindo inspecções de grande profundidade durante cerca de duas horas.

Na semana passada, tanto o Ministério do Ambiente francês como o Instituto Hidrográfico da Marinha portuguesa afirmaram que o tanque continuava a libertar combustível. No entanto, as autoridades de Madrid continuam a insistir na versão de que todo o fuel detectado foi derramado quando o petroleiro se partiu e se afundou, no passado dia 19 de Novembro.

Madrid acredita que as cerca de 60 mil toneladas de combustível existentes nos tanques do "Prestige" quando este se afundou terão solidificado ao chegar a grande profundidade, onde as temperaturas são extremamente baixas.

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