Nunca como agora futsal foi tão português

Portugal derrotou a Rússia, por 4-2, nos Países Baixos, e conquistou o segundo título europeu consecutivo – também é campeã mundial. Zicky Tê, aos 20 anos, foi considerado o melhor jogador do Euro 2022.

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EPA/Gerrit van Keulen
A festa portuguesa contra a Rússia
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A festa portuguesa contra a Rússia EPA/Gerrit van Keulen
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Momento do jogo entre Portugal e a Rússia EPA/Gerrit van Keulen
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Momento do jogo entre Portugal e a Rússia EPA/Gerrit van Keulen
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Momento do jogo entre Portugal e a Rússia EPA/Gerrit van Keulen
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Jorge Braz a dar instruções aos jogadores EPA/Gerrit van Keulen

Em 2018, em Ljubljana, foi preciso ir a prolongamento, mas um golo de Bruno Coelho bastou. A Espanha ficou KO. Em 2021, em Kaunas, um bis de Pany Varela decidiu tudo. A Argentina ficou KO. Em Amesterdão, na primeira competição internacional no “pós-Ricardinho”, o mapa do futsal ao mais alto nível voltou a ser pintado de vermelho e verde. Tal como tinha acontecido na meia-final contra a Espanha, Portugal voltou a ter dois golos de desvantagem, mas, com mais uma segunda parte de grande qualidade, deu a volta. A Rússia ficou KO. Com um triunfo, por 4-2, a selecção portuguesa passa a ser campeã mundial e bicampeã europeia de futsal.

Há momentos que definem uma equipa e, principalmente, um líder. Jorge Braz, que ficará indiscutivelmente para a história do futsal português, já conta no seu currículo com uma mão cheia de frases e gestos que coleccionaram elogios. Neste domingo, no Ziggo Dome, teve mais um. A dois segundos do fim, quando Pany Varela fez o quarto golo português e acabou com qualquer dúvida sobre quem seria o campeão da Europa, o seleccionador nacional não festejou. A preocupação de Braz foi apenas uma: procurar Edu, o único português que ainda não tinha jogado no Euro 2022, e dizer ao guarda-redes para entrar em campo.

A atitude de Jorge Braz resume na perfeição o espírito e a mentalidade da selecção nacional. Na primeira competição sem o melhor jogador da história do futsal português - Ricardinho esteve na bancada e no final festejou na pista a conquista do título -, a equipa nacional teve momentos maus (início das partidas contra os Países Baixos, a Espanha e a Rússia), mas nunca se deu por vencida, e, no fim dos 40 minutos, foi sempre melhor do que os adversários.

A final contra os russos, que tinham sido muito elogiados durante toda a prova, foi quase uma réplica do duelo dois dias antes com a Espanha. Nos primeiros dez minutos, a Rússia dominou, foi melhor e chegou, com justiça, a dois golos de vantagem. Porém, essa parece ser apenas a faceta masoquista do novo bicampeão europeu: primeiro dá esperança ao adversário; depois pega no jogo e dá a volta.

Se na meia-final Portugal tinha ido para o intervalo a perder por 0-2, desta vez a reviravolta começou mais cedo: a 1m21s do descanso, Bruno Coelho fez a assistência e Tomás Paço o primeiro golo português.

A partir daí, a Rússia ficou sob controlo e o jogo nas mãos de Portugal. Sob pressão, os russos ao fim de 3m40s da segunda parte já tinham três faltas cometidas e, três minutos depois, Dmitrii Putilov deu uma ajuda: numa reposição lateral André Coelho rematou na direcção da baliza e o guarda-redes do Sinara Yekaterinburg tocou na bola, validando o golo do empate.

Se contra a Espanha foi preciso esperar quase pelo último minuto para confirmar a reviravolta, desta vez a ansiedade começou a desaparecer mais cedo, com André Coelho de novo como protagonista: depois de meio-golo, o fixo do Barcelona estreou-se mesmo a marcar no Euro 2022, aos 31m16s.

Com quase nove minutos para jogar, uma eternidade num jogo de futsal, a responsabilidade passava para o lado russo, mas Portugal voltou a mostrar maturidade e qualidade na hora de sofrer.

Apesar de André Sousa ter passado por alguns momentos de aflição, mesmo nos últimos 3m45s, quando a Rússia arriscou e passou a jogar no 5X4, a defesa portuguesa esteve coriácea e, no tudo ou nada da selecção de Leste, Pany Varela interceptou um passe e, a dois segundos fim, deu início à festa portuguesa no Ziggo Dome.

Com um pesado legado a defender - a ausência de Ricardinho, seis vezes considerado o melhor jogador do mundo da modalidade -, Portugal mostrou que o futsal nacional tem futuro – Zicky Tê foi considerado o melhor jogador do Europeu – e conquistou um título sofrido, mas muito merecido, numa história escrita a vermelho e verde.

“Fomos todos os dias felizes aqui, juntos. O meu orgulho nesta malta era intocável fosse qual fosse o resultado.” Palavras de Jorge Braz, treinador bicampeão europeu e campeão mundial.

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