CEDEAO não vai impor sanções ao Burkina Faso mas pede “transição curta”

A organização da África Ocidental quer dar uma segunda oportunidade aos golpistas burkinenses e promete analisar todas as circunstâncias que levaram ao golpe militar.

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Cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, em Acra, capital do Gana EPA/CHRISTIAN THOMPSON

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decidiu esta quinta-feira não impor sanções à junta militar pelo golpe no Burkina Faso de 24 de Janeiro. Pediu antes uma “transição curta” e a libertação do Presidente Roch Kaboré, que foi detido e levado para um campo dos militares rebeldes.

“Vamos dar-lhes uma oportunidade”, explicou a ministra dos Negócios Estrangeiros do Gana, Shirley Ayorkor Botchwey, no final da segunda cimeira extraordinária da CEDEAO para examinar o golpe no Burkina Faso, realizada em Acra, capital ganense.

“Vamos rapidamente pedir às autoridades burquinenses que proponham um calendário claro e rápido para um regresso à ordem constitucional”, disse à AFP um dos participantes na cimeira que pediu anonimato.

Na cimeira extraordinária de 28 de Janeiro, ainda em formato virtual, a organização da África Ocidental decidira suspender o Burkina Faso e enviar duas missões - uma militar e uma ministerial - a Ouagadougou para falar com os autores do golpe de Estado.

A ministra ganesa dos Negócios Estrangeiros fez parte da missão ministerial e, no fim dos encontros com os militares burquinenses, mostrou-se satisfeita pelos “discursos francos” e, sobretudo, pela “grande abertura” dos membros da junta militar “às sugestões e às propostas” da CEDEAO.

Na primeira vez que falou em público, logo a seguir à decisão da CEDEAO, o líder dos golpistas do Burkina Faso, o ​tenente-corenel Paul-Henri Damiba, não se comprometeu com uma data para novas eleições democráticas - mesmo sabendo que a organização regional iria debater possíveis sanções.

Os militares tomaram o poder do Burkina Faso a 24 de Janeiro, após tiroteios em vários quartéis, na capita e em outras cidades. Incidentes inicialmente descritos como um alegado motim para exigir uma melhoria das condições das Forças Armadas.

O golpe foi confirmado depois de membros da junta militar terem aparecido na televisão estatal RTB a anunciar que tinham deposto o então Presidente Roch Kaboré, bem como outras medidas, tais como a dissolução do Governo e do Parlamento e a suspensão da Constituição (que foi já parcialmente restaurada no dia 31 de Janeiro).

Na reunião extraordinária desta quinta-feira, os chefes de Estado e de Governo da CEDEAO têm previsto também examinar os desenvolvimentos na Guiné Conacri e no Mali.