Nem a energia contagiante de Kyrgios abala Medvedev

Dois estilos contrastantes levaram os adeptos ao rubro na Rod Laver Arena.

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Medvedev durante o encontro com Kyrgios Reuters/MORGAN SETTE

Pode o ténis continuar a ser um jogo de cavalheiros quando um tenista “incendeia” as bancadas com a sua energia, entusiasmo e talento? Nick Kyrgios pensa que sim e voltou a demonstrá-lo na noite de quarta-feira, quando enfrentou o grande favorito à conquista do Open da Austrália. Daniil Medvedev adaptou-se ao ambiente quente da Rod Laver Arena e dominou o australiano, confirmando que está num patamar superior.

“Foi um pouco mais barulhento do que é normal, mas era de esperar quando se tem o tenista mais divertido a jogar um ‘Slam’ em sua casa. Percebo que é um jogo de cavalheiros, mas já é tempo de as pessoas aceitarem uma energia diferente neste desporto, caso contrário, irá morrer. Simples como isto”, disse Kyrgios, que, além do auto-elogio, voltou a mostrar toda a sua versatilidade e talento.

O australiano, que ocupa um enganador 115.º lugar no ranking, fez ases, bolas entre as pernas, vóleis espectaculares, celebrações à Ronaldo e levantou os adeptos das cadeiras inúmeras vezes, só que Medvedev fez uma exibição de campeão: concentração total durante todo o encontro e uma eficácia enorme, traduzida nos 68 winners – incluindo um recorde pessoal de 31 ases e 20 pontos ganhos na rede –, para 29 erros não forçados e dois breaks cedidos. “O público tentou ajudá-lo. E eu disse: ‘ok, tenho de servir melhor e tentar responder melhor.’ E consegui fazê-lo”, admitiu o russo, depois de vencer, por 7-6 (7/1), 6-4, 4-6 e 6-2.

Durante as três horas de jogo, Medvedev só não gostou do comportamento dos adeptos numa situação, entre o primeiro e o segundo serviço. “Não fiquei zangado, apenas desiludido. Penso que quem o fez deve ter o QI baixo”, atirou o número dois do ranking.

Durante o dia, os adeptos locais tiveram duas boas razões para celebrar. O seu melhor representante no ranking mundial, Alex De Minaur (42.º), avançou para a terceira ronda, bem como o wild-card Christopher O’Connell (175.°). O australiano de 27 anos somou 44 winners para eliminar Diego Schwartzman (13.º), por 7-6 (8/6), 6-4 e 6-4. O argentino esteve em dia não e saiu do court com 34 erros não forçados, incluindo sete duplas-faltas, e quatro breaks cedidos.

Em contraste, os britânicos Andy Murray e Emma Raducanu foram afastados. Depois de ter estado numa final ATP, p ex-número um mundial chegou ao Open motivado, mas ao converter somente dois de 11 break-points, viu o japonês vindo do qualifying Taro Daniel (120.º), vencer com um triplo 6-4. “Espero fazer muito mais este ano”, adiantou Murray. Stefanos Tsitsipas (4.º), Andrey Rublev (6.º), Felix Auger-Aliassime (9.º), Jannik Sinner (10.º) e Marin CIlic (27.º) também passaram a segunda ronda.

Num dia de muitas surpresas no torneio feminino, Emma Raducanu foi eliminada pelos parciais de 6-4, 4-6 e 6-3, por Danka Kovinic (98.ª), que se tornou na primeira tenista do Montenegro a chegar à terceira ronda de um major.

Mais sonantes foram as derrotas de Garbiñe Muguruza (3.ª) e Anett Kontaveit (7.ª). A espanhola cedeu um duplo 6-3 à experiente francesa Alizé Cornet (61.ª), provavelmente no seu último ano no circuito, enquanto Kontaveit foi vítima da dinamarquesa de 19 anos, Clara Tauson (39.ª), por 6-2, 6-4.

E a campeã do US Open de 2011, Sam Stosur, disputou o seu último encontro de singulares de uma carreira de 24 anos, ao perder com Anastasia Pavlyuchenkova (11.ª), por 6-2, 6-2.

Apesar das 19 duplas-faltas, Aryna Sabalenka (2.ª) passou à terceira ronda, acompanhada por Iga Swiatek (9.ª) e Simona Halep (15.ª).

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