A 26 de Dezembro, num artigo no site do Golf Channel, Ricardo Melo Gouveia aparecia ao lado de nomes como Jordan Spieth, Sam Burns, Min Woo Lee e Taylor Moore. Em comum entre eles, o facto de terem sido os jogadores que registaram as subidas mais significativas no ranking mundial ao longo do ano passado. 

O português de 30 anos protagonizou, no entanto, aquele que se poderá dizer ter sido o salto mais significativo na tabela ao longo de 2021: começou-o em 996.º e concluiu-o em 146.º. Actualmente, é o 147.º. O que é tanto mais notável quanto competiu no Challenge Tour, o circuito satélite do European Tour (principal europeu de profissionais). 

Melo Gouveia registou duas vitórias e mais sete top 10. Tendo vencido a ordem de mérito do Challenge Tour em 2015, esteve perto de se tornar o primeiro a bisar como n.º 1, acabando no segundo lugar final da tabela, apenas superado pelo dinamarquês Marcus Helligkild. E elevou para cinco o total de vitórias (tinha já vencido uma vez em 2014 e duas em 2015). 

Com isto assegurou com mérito o regresso ao European Tour (que desde este ano se designa DP World Tour), no qual já competira entre 2016 e 2019, com destaque para 2016, finalizado no 54.º lugar da respectiva ordem de mérito e com passagem pela 77.ª posição no ranking mundial (nenhum outro golfista português entrou no top 100). 

“Não foi um trajecto fácil para chegar aqui”, disse Melo Gouveia. “Definitivamente, percorri um longo caminho desde que perdi meu cartão em 2019. Então, estava num mau lugar, quer mentalmente, quer com o meu jogo. Foi difícil, porque sempre senti que o circuito principal é onde pertenço. Demorou algum tempo para me redefinir, para que meu jogo voltasse aonde eu sabia que poderia estar. Estou grato por ter passado para o outro lado e por agora voltar a jogar ao mais alto nível.” 

Actualmente em 147.º no ranking, Ricardo Melo Gouveia está entre os 132 participantes que hoje começaram a competir no Abu Dhabi HSBC Championship, o segundo torneio da época e o primeiro do ano no DP World Tour. 

Numa prova das Rolex Series, dotada com 8 milhões de dólares (€7 milhões) de prize-money e que conta com algumas das maiores estrelas do golfe mundial, o português fez 73 pancadas, 1 acima do par 72, ocupando o 90.º lugar com mais 15 jogadores, entre eles o n.º 2 mundial, o norte-americano Collin Morikawa (o norte-irlandês Rory McIlroy, 8.º mundial, está um degrau acima), com 72. 

Tal marca – num cartão de jogo com 3 birdies e 4 bogeys – deixa-o a dois shots do cut provisório, ou seja, do corte que será feito para os 65 primeiros e empatados (entre 132 concorrentes iniciais) no final da segunda volta, amanhã. 

A classificação ainda é provisória, uma vez que a jornada foi interrompida ao anoitecer quando ainda havia sete grupos em campo; no entanto, já não é susceptível de vir a sofrer alterações no topo. Aqui, o escocês Scott Jamieson lidera com 63 (-9), graças a uma volta com 9 birdies, seguido do norueguês Viktor Hovland com 64 (-8), este o n.º 7 mundial. O belga Thomas Pieters, campeão em título do Portugal Masters, é terceiro com 65 (-7). 

O português já jogou três vezes em Abu Dhabi e nunca falhou a fase final, sendo que em 2017 alcançou mesmo um honroso 25.º lugar. Além deste, foi 61.º em 2016 e 53.º em 2018. Nesta edição de 2021, joga as duas primeiras voltas com o inglês Steven Brown – vencedor do Portugal Masters 2019 – e finlandês Tapio Pulkkanen, que nesta quinta-feira assinalaram 73 e 76, respectivamente.

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