Mário Barreiros junta dois quartetos num disco que é um alerta para o estado dos oceanos

Chama-se Dois Quartetos sobre o Mar e chega esta segunda-feira às plataformas digitais, a que se seguirá quase de imediato a edição física, em CD. Trata-se de um novo álbum de originais do baterista e produtor Mário Barreiros e junta, em oito temas, dois quartetos: no primeiro, com Mário Barreiros (bateria) estão Carlos Barretto (contrabaixo), Ricardo Toscano (sax alto) e o pianista e compositor galego Abe Rábade (piano); no segundo, também com Mário Barreiros (bateria), alinham Demian Cabaud (contrabaixo), Miguel Meirinhos (piano) e José Pedro Coelho (saxofone). O disco abre com Só ten o corpo memória, de Abe Rábade, primeiro single e videoclipe a ser divulgado, no passado dia 2, seguindo-se Aquática, de Mário Barreiros, hoje também lançado em single e em videoclipe. Os restantes temas são: Narciso, Pacífico, Arbol negro, Bóia, Abissal e Rede. Gravado no dia 14 de Julho de 2021 no Atlântico Blue Studios, por André Tavares, o disco tem produção, mistura e masterização de Mário Barreiros e é uma edição de autor. As filmagens (dos videoclipes) são de Samuel Morais e Pedro Miguel Costa.

No texto que anuncia o disco, Mário Barreiros explica como nasceu Dois Quartetos sobre o Mar: “Um documentário, que é um retrato real sobre a vida dos oceanos, tornou-se no ponto de partida para esta criação em colectivo. Assim foi nascendo este trabalho de duas ‘moods’ distintas, ora com o Quarteto Pacífico [o primeiro], com uma toada mais romântica, ora com o Quarteto Abissal [o segundo], mais exploratório de águas densas e profundas.” E conclui deste modo: “Este é um mergulho no misterioso grande azul, e na melhor das companhias.”

Quanto a Aquática, o tema agora divulgado, vem acompanhado de uma síntese da situação dos mares, feita por Mário Barreiros a partir dos dados disponíveis: O mar cobre cerca de 70% da superfície da Terra, alberga 80% de toda a vida terrestre, é o maior produtor de oxigénio e o maior absorvente de dióxido de carbono. Desde meados dos anos 90 que o total de peixe pescado diminui. Estima-se que 40% dos seres marinhos apanhados nas redes são devolvidos ao mar. Mais de 300 mil baleias e golfinhos são mortos por ano por causa da pesca acessória. As plantas marinhas acumulam 20 vezes mais carbono do que as florestas. 93% do CO2 do mundo está armazenado no mar. Perder 1% deste ecossistema equivaleria a libertar as emissões de 97 milhões de carros.” E a conclusão não é animadora: “O mar alto, longe da vista, longe do coração. Biólogos marinhos afirmam que não haverá peixe no mar depois de 2050.”