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Marcelo apelou à “inteligência de preferir sempre a democracia imperfeita à ditadura”
O Presidente da República disse que o 25 de Novembro foi "crucial" e que a história de Portugal "não tem comparação" com outro país.
No discurso das cerimónias dos 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que mesmo as democracias "inacabadas" são "ambientalmente mais avançadas, mais livres, mais plurais, menos repressivas e menos persecutórias, mais tolerantes e mais abertas a todos - mesmo a todos -, incluindo aqueles que contestam em todo em em parte essa democracia".
Marcelo evocou os que começaram a democracia, dos militares a Soares, Sá Carneiro, Cunhal e Freitas. Falou dos jovens militares que em menos de um ano "se organizaram e concluíram que a democracia devia cair e deviam ser eles a governar - não políticos nem os grupos económicos, não os partidos, sindicatos e movimentos de resistência, não apenas os estudantes e a Igreja Católica. Só eles, ligados a todos, mas os únicos com poder militar para depor o regime que era baseado no poder militar."
"No fim, ganhou um sector político-militar protagonizado pelo Documento dos Nove, de que saiu o primeiro candidato a Presidente da República, essencial na transição da revolução para a democracia, sempre teimosamente avesso a todas as homenagens, incluindo a do marechalato", afirmou Marcelo, olhando para a galeria onde está o general Ramalho Eanes. Todos os deputados com excepção do PCP e do Bloco aplaudiram o antigo Presidente da República, que correspondeu com uma vénia.
O Presidente falou depois de "um homem que começou por ser o imediato vencedor civil da revolução", referindo-se a Mário Soares sem nunca dizer o seu nome, mas PS e PSD levantam-se para aplaudir. E também se refere ao "primeiro primeiro-ministro do hemisfério oposto [Sá Carneiro]", ao "mais antigo e mais persistente lutador contra o salazarismo, com mais provas de resistência na prisão, na clandestinidade e no exílio [Álvaro Cunhal]" - a esquerda levantou-se para aplaudir longamente, com os deputados socialistas virados para o grupo parlamentar do PCP, que só depois disso se levantou.