Linhas vermelhas: Lisboa e Norte com R(t) de 1,4, proporção de testes positivos quase duplica e Ómicron domina

Apesar do aumento do número de casos, a quantidade de pessoas internadas nos cuidados intensivos mantém-se estável. Ao todo, 59% do valor crítico de camas (255) estão ocupadas. Variante Omicron, com “aumento muito acentuado da circulação” a partir de dia 6 de Dezembro, chega aos 82,9%

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As autoridades de saúde alertam que a situação actual está a pressionar o sistema de saúde Manuel Roberto

Todas as regiões de Portugal apresentam um índice de transmissibilidade — R(t) —do coronavírus superior a 1, com o Norte a registar a subida mais acentuada nos últimos dias (o índice de transmissibilidade passou de um 1,08 para 1,40). A nível nacional o R(t) situa-se nos 1,35. A informação consta no relatório semanal de monitorização das “linhas vermelhas” elaborado pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

“A análise dos diferentes indicadores revela uma actividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional, em especial na região de Lisboa e Vale do Tejo”, resumem as autoridades de saúde no relatório que foi divulgado na última sexta-feira do ano.

O índice de transmissibilidade corresponde ao número de pessoas que são, em teoria, contagiadas por alguém com a infecção activa. Um valor superior a 1 indica uma tendência crescente da incidência de infecções por SARS-Cov-2 a nível nacional. A região de Lisboa e Vale do Tejo foi aquela em que se registou o valor mais elevado do R(t): 1,42. Segue-se o Norte (1,40), os Açores (1,39), e o Alentejo (1,28).

Apesar do aumento do número de infecções, o número de casos de covid-19 nos cuidados intensivos no continente revelou uma tendência estável, correspondendo a 59% do valor crítico de 255 camas ocupadas. Na semana passada, a ocupação situava-se nos 61%. A mortalidade especificamente relacionada com a covid-19 (21,1 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes) também apresenta uma tendência estável.

No entanto, as autoridades de saúde salientam que “a pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são elevados.” Apesar das assimetrias regionais, é provável que se note um aumento da pressão sobre todo o sistema de saúde. “A sua magnitude é ainda incerta, mas resultará do rápido aumento do número de casos e será condicionada, também, pela provável menor gravidade da infecção pela variante ÓMicron, e pelo efeito protector da vacinação, em especial da dose de reforço”, acautelam as autoridades de saúde.

Proporção de testes positivos quase duplica

Na última semana, a proporção de testes positivos para o vírus SARS-CoV-2 quase duplicou. A nível nacional, a proporção é de 6,7%; a semana passada era de 3,4%. Este valor está acima do limiar definido de 4,0% o que indica uma tendência para aumentar. “Observou-se um aumento do número de testes para detecção de SARS-CoV-2, em especial dos testes rápidos de antigénio, realizados nos últimos sete dias”, lê-se no relatório.

O número de novos casos de infecção por SARS-CoV-2, por 100 mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 1206 casos. Na terça-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, estimou que Portugal deverá atingir 37 mil novos casos de infecção com o coronavírus SARS-CoV-2 na primeira semana de Janeiro, devido à variante Ómicron.

Ómicron continua a dominar

A variante Ómicron do novo coronavírus continua a ser dominante em Portugal, tendo a proporção de casos estimada passado de 61,5% no último relatório para 82,9% no dia 29 de Dezembro de 2021. “A monitorização em tempo real de casos prováveis da variante Omicron através da ‘falha’ na detecção do gene S mostra um aumento muito acentuado da circulação desta variante a partir de dia 6 de Dezembro de 2021”, lê-se no relatório partilhado pelas autoridades de saúde.

O número médio de casos diários de infecção nos últimos cinco dias aumentou para 12.407 no país, quando na semana anterior era de 5.255, sendo mais elevado em Lisboa e Vale do Tejo (5.888), seguido do Norte (3.876), do Centro (1.389), do Algarve (370), do Alentejo (283), da Madeira (363) e dos Açores (115).

Já no que se refere à incidência acumulada de novos casos a 14 dias, o relatório do INSA indica que as regiões Norte, Lisboa e Vale do Tejo, Algarve e Madeira apresentam a taxa de incidência superior a 960 por 100 mil habitantes, enquanto o Centro e o Alentejo estão entre os 480 e 959,9 casos e os Açores entre as 240 e 479,9 infecções.

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