Lisboa

Uma escola colorida no Parque das Nações, “um espaço para criar memórias”

Francisco Nogueira
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Francisco Nogueira

Inspirado por "grandes referências da arquitectura", Paulo Serôdio, do atelier de arquitectura Orgânica, esteve à frente do projecto de ampliação do Jardim de Infância e Escola Básica do 1.º Ciclo do Parque das Nações, em Lisboa, que passou a ser a actual Escola Básica Integrada, com 2.º e 3.º ciclos. A aposta na concepção arquitectónica incidiu sobre a utilização da cor, uma presença muito forte no interior do edifício e ausente no exterior, para “estimular a relação de quem habita a escola com os próprios espaços da mesma”, explicou o arquitecto ao P3

O contraste entre o interior e exterior da escola, visível nas fotografias de Francisco Nogueira, assinala a “fronteira entre o que é público e o que é da comunidade da escola”. A imagem virada para a cidade, “que é de todos nós”, pretende passar uma “percepção de permanência”, que, apostando “no betão e tijolo à vista, de uma forma nua e crua, nos alertam para a verdade dos materiais”. É importante que o interior, “onde se passa a aprendizagem, a socialização, o crescimento (... ) seja marcante e não meramente funcional, porque é algo que levamos connosco para o resto da vida”. Para isso, as cores são utilizadas como “códigos visuais que identificam esses espaços e, ao mesmo tempo, funcionam como um sistema de orientação na própria escola”. 

Paulo Serôdio explica ao P3 que o objectivo foi criar um ambiente que permita “que a escola seja um espaço de criar de memórias”. Nesse sentido, a cor e os materiais, estando sempre presentes, “criam atmosferas próprias que depois se vão reflectir na relação que os próprios alunos e as outras pessoas estabelecem com esses mesmos espaços”, cujas emoções são influenciadas pela luz e pela cor. 

Um dos locais mais propícios precisamente à criação de memórias, com o qual o arquitecto confessa ter uma identificação especial, é o espaço das escadas, que, pela sua dimensão e disposição, não são meros acessos, “mas sim espaços de encontro, de estar e de socialização informal”. Quando a luz incide, intensifica as suas cores e torna-se num espaço esteticamente muito forte”. O arquitecto destaca também um conjunto de pequenos pátios que “criam uma espécie de atmosferas próprias que complementam os espaços exteriores”, ampliando a biblioteca e o refeitório para que seja possível aproveitar o bom tempo.

Esta foi a primeira vez que o Paulo Serôdio projectou uma escola. “São experiências únicas, projectos que demoram entre três a quatro anos e que têm uma dimensão urbana importante”, diz. A sustentabilidade, alerta, não são só as questões energéticas”, mas “também a forma dos espaços”. “Há formas urbanas que, de alguma maneira, são sustentáveis no tempo”, ou seja, permanecem reconhecidas como “estáveis e duradouras, como as praças”. 

Texto editado por Ana Maria Henriques

Francisco Nogueira
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