Marcelo pede Governo com “horizonte até 2026” porque mini-ciclos seria “perder oportunidade”

“Os portugueses têm agora a oportunidade, daqui até 30 de Janeiro, de ponderar em conjunto as escolhas, quer no que respeita ao pós-pandemia, quer no que respeita à gestão económica e social”, disse o Presidente da República.

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Presidente avisa que se o executivo que sair das legislativas for de curta duração o país irá “perder uma oportunidade” LUSA/RODRIGO ANTUNES

O Presidente da República apelou esta quinta-feira a que das eleições de 30 de Janeiro saia um Governo “com horizonte até 2026”, avisando que mini-ciclos políticos significariam “perder uma oportunidade”, sobretudo na reconstrução económica e social do país.

No encerramento do 8.º Encontro Anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, que decorreu no Palácio da Cidadela, em Cascais, Marcelo Rebelo de Sousa destacou o facto de as eleições legislativas antecipadas acontecerem num momento decisivo das escolhas que o país tem de fazer sobre os fundos comunitários.

“Os portugueses têm agora a oportunidade, daqui até 30 de Janeiro, de ponderar em conjunto as escolhas, quer no que respeita ao pós-pandemia, quer no que respeita à gestão económica e social, tendo presente que o esforço que vai ser exigido é um esforço de fôlego, não pode ser um esforço traduzido em mini-ciclos”, afirmou.

Para o chefe de Estado, esse cenário de curtos ciclos políticos significaria “perder a oportunidade, quer na gestão do que resta da pandemia, quer sobretudo de reconstrução económica”. “De alguma maneira, as eleições permitem um horizonte até 2026”, frisou, referindo-se à duração normal de uma legislatura, quatro anos.

Santos Silva: Portugal tem “sementeira” de seis milhões no mundo

Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu que Portugal tem uma “sementeira” de cerca de seis milhões de portugueses fora do país, incluindo 600 luso-eleitos, que deve “ir regando” e mobilizando como fazem países como Israel, Grécia ou Irlanda.

Na abertura do segundo e último dia do 8.º encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, Augusto Santos Silva apresentou-se como sociólogo, evitando um discurso político num momento em que Portugal já se encontra em pré-campanha para as eleições legislativas.

Citando estimativas das Nações Unidas de 2019, disse que há 2,6 milhões de pessoas que nasceram em Portugal e vivem no estrangeiro, das quais 1,5 milhões vivem na Europa, 1,1 milhões nas Américas e algumas centenas de milhares em África e na Ásia-Pacífico.

No entanto, recordou que existem muitos portugueses que já não nasceram em Portugal, mas têm nacionalidade portuguesa e vivem no estrangeiro.

Segundo dados oficiais, cerca de 3,3 milhões de pessoas têm cartão de cidadão português, mas residem no estrangeiro.

Além da emigração, lembrou, há as comunidades formadas pelas várias gerações e que têm ligações a Portugal. Ou seja, estimando os naturais de Portugal que vivem no estrangeiro, os não-naturais com nacionalidade e os não-nacionais que podem pedir nacionalidade por serem descendentes de portugueses, o ministro estimou que sejam mais de cinco milhões ou até mesmo seis milhões.

“Por isso é que a diáspora é tão importante e falar de emigração já não chega”, disse Santos Silva, lembrando que muitos jovens actualmente “já não são emigrantes, são móveis, são globais”. “Isto acontece com milhares e vai acontecer com milhões. O Instituto Nacional de Estatística distingue emigração permanente e temporária e há mais de uma década que esta emigração temporária excede a emigração permanente”, afirmou.

Para Santos Silva, a “cereja no topo do bolo” é que a diáspora portuguesa tem uma bipolaridade: “ao mesmo tempo que são um caso internacional de estudo na facilidade de integração, isso nunca representou a quebra o laço umbilical com Portugal”. “Do ponto de vista sociológico, temos uma sementeira já feita, mas temos de cuidar, de regar estas plantas que vão germinando”, concluiu.

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