Os incontáveis rostos de Deus

Não se pode exigir que, na Europa, sejam erradicadas as palavras Natal e Maria como também ninguém pode ser obrigado a usá-las.

1. As boas causas, para vencerem, precisam de bons argumentos. O ridículo não é a melhor recomendação. A defesa da igualdade não precisa de ofender a diversidade. Não se pode exigir que, na Europa, sejam erradicadas as palavras Natal e Maria como também ninguém pode ser obrigado a usá-las. Estou a referir-me a uma pergunta que fizeram ao Papa, durante a sua viagem de regresso a Roma, depois da peregrinação ecuménica a Chipre e à Grécia, à qual reagiu: “Ah, o senhor refere-se ao documento da União Europeia sobre o Natal. Isto é um anacronismo. Ao longo da história, muitos, tantas ditaduras procuraram fazê-lo. Pense em Napoleão. Pense na ditadura nazista, na comunista...É moda própria de uma laicidade aguada, de água destilada. Mas não resultou na história. Pensando na União Europeia, há uma coisa que considero necessária: a União Europeia deve assumir os ideais dos Pais fundadores, que eram ideais de unidade, de grandeza, e ter cuidado para não abrir espaço a colonizações ideológicas. Isto poderia chegar a dividir os países, causando o colapso da União Europeia. Esta deve respeitar cada país tal como está estruturado no seu interior: optar pela variedade dos países e não pela sua uniformização. Eu acredito que não a fará; não estava nas suas intenções. Mas tem de estar atenta, porque às vezes surgem e lançam-se projectos como este e não sabem o que fazer... Não! Cada país tem a própria peculiaridade, mas está aberto aos outros. A União Europeia tem a sua soberania, soberania dos irmãos numa unidade que respeita a singularidade de cada país. Deve ter cuidado para não ser veículo de colonizações ideológicas. Por isso, aquela intervenção sobre o Natal é um anacronismo”.

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