O que saber antes de concorrer a uma bolsa de investigação

O P3 esteve em directo no Instagram com Catarina Liberato, bolseira de doutoramento no Reino Unido, para dar respostas e dicas úteis sobre o processo de candidatura a uma bolsa de investigação.

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Eric Rothermel/Unsplash

Para quem decide prosseguir os estudos e apostar na investigação, concorrer a uma bolsa pode ser determinante. Há, todavia, passos a seguir e regras que se não forem cumpridas podem levar as candidaturas ao fracasso. Numa conversa em directo no Instagram para ajudar quem quer concorrer a uma bolsa de investigação – e que pode ser vista aqui –, Catarina Liberato, estudante de doutoramento com bolsa internacional, deu dicas úteis que podem melhorar a tua candidatura.

Por onde começar?

Antes de pensar em submeter uma candidatura, é essencial encontrar a bolsa que se adequa às prioridades e aos objectivos da investigação ou projecto que se quer trabalhar. O primeiro passo é “perceber a que tipo de bolsa nos estamos a candidatar”, diz Catarina Liberato. Seja uma candidatura individual a uma bolsa de doutoramento ou de pós-doutoramento, a um projecto de investigação com dois ou mais investigadores, a uma bolsa de apoio à investigação ou até de desenvolvimento profissional.

Procurar bolsas de investigação com candidaturas abertas é o passo seguinte: pesquisar em sites generalistas – FindAPhD e Postgraduate Search são alguns exemplos – e encontrar instituições com oportunidades disponíveis e coerentes com os objectivos já estabelecidos. Em Portugal, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) abre anualmente candidaturas a bolsas de doutoramento para todas as áreas de conhecimento e bolsas para outros projectos de investigação. Pesquisar nos sites das faculdades e dos institutos é também fundamental para quem quer estar a par das oportunidades. Tipos de bolsa disponíveis, requisitos, prazos, procedimentos e toda a informação útil e necessária estão lá.

Para além disso, existem associações de estudantes com bolsas destinadas a apoiar o desenvolvimento de projectos, como é o caso da PARSUK, e organizações que financiam iniciativas de apoio à investigação (conferências, reuniões, trabalho de campo, entre outros), como a COST Action. “A procura de oportunidades depende muito da área, mas o mais importante é começar por definir para que sítio quero ir, em que universidade gostava de desenvolver a investigação e com que orientador gostava de trabalhar”, explica Catarina. A partir daí, resta explorar e “estar atento porque as candidaturas são quase sempre lançadas na mesma altura do ano”.

Como posso preparar a candidatura?

Se encontrar uma oportunidade certa já não é tarefa fácil, é ainda mais complexo e exigente o processo de candidatura a uma bolsa de investigação nacional ou internacional. Ler toda a informação que é disponibilizada no guião de candidatura, guião de avaliação e regulamentos da bolsa, compreender o objectivo da bolsa e o que é solicitado pela entidade responsável e preparar antecipadamente os documentos que vão acompanhar a candidatura são passos essenciais. E há informações que devem ser incluídas na candidatura: expor o problema que se está a tentar resolver, identificar possíveis resultados e os caminhos a seguir com vista à resolução do problema, explicar a metodologia e as tarefas a desenvolver, avaliar o impacto do projecto no campo científico e na sociedade, justificar a utilização dos recursos e fundos atribuídos no âmbito da bolsa de investigação, abordar as implicações éticas e reconhecer as limitações da investigação.

Com uma estratégia de investigação bem definida, é importante não esquecer que o currículo e as cartas de motivação e recomendação também são necessários e “devem ser coerentes entre si” para não desvalorizar a candidatura. Fazer referência a um artigo já publicado ou submeter um cronograma do plano de trabalho, com as tarefas previstas para cada fase do projecto, pode ser uma mais-valia. “Tudo em conjunto faz com que seja uma candidatura mais sólida e coerente”, defende Catarina.

Mais dicas que fazem a diferença e erros a evitar

As dicas de Catarina Liberato vão ajudar-te a encontrar a bolsa de investigação certa, a preparar todo o processo de candidatura e a destacares-te entre milhares de candidatos. Mas, ao longo da conversa, a estudante de doutoramento na Universidade de Kent, no Reino Unido, e coordenadora de membros e bolsas da PARSUK partilhou “mais dicas que fazem a diferença” e referiu os erros a evitar por quem quer concorrer a uma bolsa de investigação:

  • Ler todos os documentos e regulamentos relativos ao processo de candidatura;
  • Não enviar o mesmo projecto para diferentes bolsas e instituições, mas sim alinhar o projecto com os objectivos da instituição;
  • Preparar uma estratégia com tempo. Não submeter a candidatura no prazo limite;
  • Enviar, antes de submeter a candidatura, um email à entidade responsável. Pedir informações para perceber se te enquadras no perfil que a instituição está à procura;
  • Apresentar a proposta tendo por base a tua investigação e a importância da mesma para a sociedade;
  • Justificar os fundos atribuídos pela bolsa;
  • Articular o projecto com os objectivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas;
  • Partilhar a tua candidatura com colegas e professores para que possas receber um primeiro feedback e melhorar o plano de trabalhos.

Na internet podes encontrar mais ferramentas, nomeadamente sites, blogues e outras páginas nas redes sociais, onde são partilhados estes e outros conselhos. O último mencionado nesta conversa – e talvez o mais importante –, é “ter a coragem de enviar a candidatura”.

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