A máquina do café e o sucesso das nossas vidas

Enquanto nós encontrámos a máquina pronta a usar, a pessoa que se seguir terá de retirar a nossa cápsula usada, deitá-la ao lixo, esvaziar o receptáculo e só depois tirar o seu café. Essa pequena atitude envenena a organização porque faz toda a gente interiorizar a ideia de que é normal pensar só em si, e só depois em quem se seguir.

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Pode uma simples máquina de café ser um indicador do sucesso das nossas instituições e das nossas vidas?

Recordo o provérbio: “Por falta de um prego, perdeu-se a ferradura. Por falta da ferradura, perdeu-se o cavalo. Por falta do cavalo, perdeu-se o mensageiro. Por falta do mensageiro, perdeu-se a mensagem. Por falta da mensagem, a batalha foi perdida. Perdida a batalha, tudo foi perdido. E tudo por falta de um prego.”

O que é que isto quer dizer? Que pequenas acções podem fazer grandes diferenças e que pequenas omissões podem ter grandes consequências.

Com isso em mente, é interessante olhar para os pequenos detalhes das grandes instituições. Como exemplo, pensemos na máquina de café que existe em cada organização. O que acontece quando somos a primeira pessoa a tirar o café naquele dia?

Dirigimo-nos à máquina, ela está limpinha e prontinha a ser utilizada. Inserimos a cápsula na máquina, fechamos o manípulo, carregamos no botão e voilá… temos o nosso café. E o que acontece depois de “levantarmos” o café? Se formos como a maioria, vamos à nossa vidinha e deixamos a cápsula vazia na máquina. “Quem vier a seguir que tire a minha cápsula”, não é? Pois…

Enquanto nós encontrámos a máquina pronta a usar, a pessoa que se seguir terá de retirar a nossa cápsula usada, deitá-la ao lixo, esvaziar o receptáculo e só depois tirar o seu café. E como encontrou a máquina “suja”, também vai deixar “sujidade” para quem vier a seguir, numa cadeia sem fim de empurrar o problema para a pessoa seguinte.

O problema é que essa pequena atitude envenena a organização porque faz toda a gente interiorizar a ideia de que é normal pensar só em si, e só depois em quem se seguir. Ora, as melhores organizações são aquelas em que as pessoas cuidam umas das outras e ajudam quem está à sua volta - até antes de se ajudarem a si próprias.

Deixar a máquina “suja” quando a encontramos limpa não poderá ser sintoma de uma cultura de “umbiguismo” na instituição e potenciar comportamentos de egoísmo entre as pessoas? Claro que falamos da máquina do café, uma questão de menor importância por comparação, mas será que quem tem esta atitude nas pequenas coisas, não a terá também nas questões fundamentais? E não são justamente esses comportamentos que “envenenam” o espírito de equipa, enfraquecem a entreajuda e enferrujam o funcionamento de qualquer organização?

Como sabemos pela experiência, máquinas enferrujadas não funcionam bem. Envenenado o espírito de companheirismo e de trabalho em equipa, a qualidade do serviço da organização diminui significativa e inevitavelmente – e não importa se estamos a falar de uma empresa, de uma entidade pública ou de uma instituição social. Se queremos instituições e vidas melhores, limpemos a máquina do café.

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