Cartas ao director

As ruas europeias

A Europa encontra-se à beira de um flagelo que pode não ter retorno. A nova vaga pandémica trouxe consigo uma onda de protestos que cada vez mais se vão alastrando aos seus congéneres. Desde os Países Baixos, passando pela França, até à Roménia, os europeus mostram-se descontentes com o possível retorno das restrições. Esses dias negros em que para uns a maior dificuldade era lidar com aqueles com que partilhavam tecto, para outros seria assegurar o pão de cada dia.

A lição a tomar por aquilo que já passámos é que as ruas europeias jamais podem ser fechadas. Seja por medidas eleitoralistas, ou, mais longinquamente, com a preocupação sincera das suas gentes, o círculo político teme tanto essa possibilidade como os comuns.

André Oliveira, São Torcato

"Ainda ontem"

Quero felicitar o PÚBLICO pela publicação da rubrica diária “Ainda ontem”, da autoria de Miguel Esteves Cardoso. crónicas simples e interessantes, algo ingénuas e ainda bem, pois é nesse aspecto que todos nós, uns mais do que outros, estamos precisados, para alivio das desgraças de vária ordem com que diariamente somos massacrados, na rádio e televisão, entre outros. Começamos todos, seja qual a idade e género, a começar a ter um pouco mais de sossego de espírito. Há meios da comunicação social que se alimentam da desgraça alheia. Infelizmente, há muita gente que alimenta esse tipo actuação que, como se diz popularmente, “é o que vende”. Assim, parabéns Miguel Esteves Cardoso pelos seus “ingénuos” escritos que consolam nestes inebriantes tempos que todos estamos vivendo e não desista.

Carlos Leal, Lisboa

Não digam que não foram avisados

A “inundação” de muitos milhões de euros de euros dos fundos europeus até 2030 deveria levar os nossos governantes, actuais e futuros, a meditar sobre a boa maneira de os aplicar. Dividiu-se o país em 5 regiões ditas “menos desenvolvidas” e mais dois mais afortunadas. Umas quantas siglas e mis uns nomes pomposos - Fundo de Coesão, Fundo de Transição Justa, Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, das Pescas e da Aquicultura. Tudo muito bem estudadinho. Certo? Errado. Faltou-lhes o essencial. Uma verba bem choruda para novas e modernas prisões, outra bem abastada para novos tribunais com o respectivo pessoal, sem esquecer uns trocados para as polícias de investigação, que já não chegam para as encomendas. Não se queixem se os nossos banqueiros - políticos, advogados, juízes e demais compadres, habituadinhos às suas comodidades - tenham de fugir para parte incerta do globo. Depois não digam que não foram avisados.

José Almeida, Aveiro

João Rendeiro e a Justiça

Na entrevista que deu à CNN Portugal, João Redeiro deu um sinal de desprezo pela verdade dos factos e pela Justiça. Quis deixar uma mensagem clara de que o sistema judicial quer fazer dele um exemplo, ao contrário de outros que até cometeram mais crimes em quantidade e gravidade. Esta postura de vítima é inqualificável e um atentado à inteligência dos portugueses.

Num Estado de direito, qualquer cidadão independentemente da gravidade dos crimes que comete deve enfrentar a justiça e ser condenado se for o caso. Ninguém está acima da lei, todos devem ser tratados com igualdade face à legislação vigente. Infelizmente, os exemplos de impunidade em Portugal são muitos.

Por isso, seriamos ingénuos se ignorássemos a preponderância e os meios financeiros que estão em jogo nos processos que envolvem Ricardo Salgado, João Rendeiro, Luís Filipe Vieira e de tantos outros. Estes senhores, capitaneados por advogados especialistas em arranjar expedientes e beneficiar do sistema de garantias de protecção e de defesa, dificultam e procrastinam a descoberta dos factos e da verdade.

É necessário acabar com a inércia do Estado e com a crónica falta de meios da justiça, sob pena do Estado continuar a dar oxigénio à atitude obscena dos Rendeiros & companhia. Para quando um combate à séria à corrupção e ao enriquecimento ilícito?

Carlos Oliveira, Funchal

Sugerir correcção
Comentar