Espanha “adormeceu” a Suécia e vai ao Qatar

O mal-amado Álvaro Morata acabou por ser o veículo da tranquilidade espanhola, num jogo que atira a Suécia, uma vez mais, para o play-off. Depois de 2014 e 2018, os escandinavos vão disputar novamente jogos adicionais no caminho para o Mundial.

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Reuters/MARCELO DEL POZO

Vai haver selecção espanhola no Mundial do Qatar, em 2022. O triunfo (1-0) frente à Suécia, neste domingo, em Sevilha, permite aos espanhóis vencerem o grupo B, obrigando os escandinavos a mais dois jogos, num play-off, para chegarem ao certame no Médio-Oriente. Sim, a Suécia vai, uma vez mais, a uma eliminatória decisiva.

Este não é um cenário novo para esta equipa, que vai para o terceiro Mundial consecutivo com presença em play-offs: em 2018 deixaram a Itália a assistir em casa, depois de em 2014 terem sido deixados no sofá pelo hat-trick de Cristiano Ronaldo na Friends Arena, em Estocolmo.

Neste domingo, em Sevilha, era a Suécia quem precisava de vencer. Mas se há algo que se sabe no futebol mundial é que ninguém consegue dividir posse de bola com a Espanha e quem tenta fazê-lo tem, geralmente, resultados pouco recomendáveis. Nesta medida, os escandinavos perceberam que a melhor forma de ganharem o jogo não seria necessariamente atacarem mais e terem os avançados mais frutíferos.

A Suécia resignou-se de que dificilmente teria a bola muito tempo e, assim, Zlatan Ibrahimovic poderia ser mais um empecilho do que uma solução para jogar em transições e bolas em profundidade.

Sem o experiente craque no “onze”, houve, sim, uma dupla bastante móvel composta por Isak e Kulusevski e os suecos esperaram pelos raros momentos de perda de bola da Espanha. Houve um desses aos 16’, com condução e remate muito perigoso de Forsberg, e outro aos 39’, que terminou com cruzamento de Augustinsson e remate ao segundo poste, novamente de Forsberg.

No que restou da primeira parte houve, sobretudo, posse de bola espanhola, “pincelada” com um par de boas definições individuais – como a de Olmo, aos 6’, e a de Sarabia, aos 9’.

O conforto sueco sem bola, com duas linhas de quatro muito sólidas mostrava, a montante, que o jogo entrelinhas dos jogadores espanhóis não estava a ser facilitado e, a jusante, que caso não tivesse tropeçado na Geórgia, esta equipa poderia ser uma tremenda carga de trabalhos para a Espanha – sem esse deslize, os suecos poderiam apenas jogar para o empate e irem ao Qatar.

Na segunda parte, o jogo teve uma cara semelhante. A Espanha continuou a dominar, claro está, mas desta feita concedendo menos transições aos suecos, menos perigosos após a paragem. Foi, assim, um jogo cada vez mais jogado “sem balizas”, tal era a incapacidade sueca de ferir com bola e a espanhola de penetrar no denso bloco sueco.

Só aos 72’ entrou Ibrahimovic e, a partir daí, não adiantaria à Suécia continuar a querer transições. Começou a haver apelo ao jogo directo, com bolas longas para o avançado do AC Milan.

A Espanha recolheu-se, algo inédito neste jogo, e foi nesta fase, com troca de papéis, a vez de a equipa de Luis Enrique explorar o contra-ataque. Morata esteve perto do golo aos 85’, num lance desse tipo, e marcou mesmo aos 86’, na recarga a um remate de Dani Olmo.

E este desfecho trouxe três detalhes curiosos. No prisma sueco, foi preciso entrar o melhor jogador da história do país para os escandinavos sucumbirem – sem que haja relação directa entre as duas premissas. No lado espanhol, foi o mal-amado Morata, já por vezes assobiado pelos próprios adeptos, a garantir a tranquilidade à Espanha. Por fim, mas não menos curioso, a dominadora Espanha chegou ao golo num… contra-ataque. É isto o futebol.

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