Rangel é candidato para “unir o PSD” e “vencer as eleições de 2023”

Eurodeputado apresentou candidatura à liderança do PSD numa sessão em que criticou o Governo.

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Depois de anunciar internamente a candidatura à liderança do PSD, Paulo Rangel fez um anúncio dirigido aos portugueses LUSA/MÁRIO CRUZ

Paulo Rangel apresentou a sua candidatura à liderança dos sociais-democratas “com humildade e espírito de missão”, convencido de que tem “todas as condições” para “unir o PSD, para promover o seu crescimento realizando a sua tradicional vocação maioritária e, com uma solução de governo estável, vencer as próximas legislativas de 2023”.

Na sessão, só para jornalistas e realizada num hotel em Lisboa, o eurodeputado fez um discurso virado para os problemas do país, mas também definiu a estratégia que o PSD deve seguir. 

“Não restem dúvidas para ninguém. O grande desígnio do PSD, de um projecto galvanizador e vencedor para o país, só pode ser e será sempre para mim: a mobilidade social! Ou usando uma expressão popular: temos de criar as condições para que todos os portugueses possam subir na vida”, afirmou, condenando “décadas de estagnação”. 

O candidato defendeu que a nova liderança do PSD tem se der capaz de “agregar, de juntar, de unir as diferentes correntes e sensibilidades do partido”, afastando o “espírito de facção ou de tribo”. Depois, num segundo eixo da sua candidatura, Paulo Rangel considerou que a oposição “não foi nem visível nem eficaz”, rejeitando a ideia de que a oposição tenha de ser “trauliteira”. Sem nunca referir o nome de Rui Rio, o eurodeputado sustentou que a oposição “não pode ser frouxa”.

Sobre o Orçamento, questionou a demora do actual líder em assumir uma posição clara sobre a proposta do Governo. “O tempo em política conta, e conta muito”, afirmou. Lembrando que foi líder parlamentar (entre 2008 e 2009), Rangel salientou a importância dos debates quinzenais e considerou incompreensível que a actual liderança do PSD tenha abolido esses debates, em conivência com o PS.

“Tratou-se de um erro enorme para a República e a saúde da democracia, para o Parlamento e para o PSD”, disse, comprometendo-se apresentar como primeira medida, se for eleito, o regresso dos debates quinzenais.

Sobre a linha política que o PSD deve seguir, Rangel defendeu que partido “deve marcar a agenda reformista do país, podendo envolver, se isso se revelar necessário, partidos e movimentos cívicos do espaço não socialista, desde que democráticos, que vão do centro-esquerda até ao limite da direita moderada”. O posicionamento, defendeu sem “vergonha de dizer”, é a “democracia liberal ocidental”. “O PSD é pela liberdade, mas não é liberal, é, modelando as palavras, liberalizador”, precisou. 

Na fase das perguntas, Rangel foi questionado sobre se ponderaria um envolvimento com o Chega, o que foi recusado e colocado como uma linha intransponível. “O Chega não faz parte da direita moderada. O Chega é o aliado objectivo do PS. Um Chega mais forte permite ao PS perpetuar-se no poder”, defendeu. Admitiu abertura para dialogar com a Iniciativa Liberal, e disse ver o CDS como “parceiro preferencial”, embora remeta para mais tarde “o tipo de compromissos que se podem fazer”.

A questão das legislativas voltaria a ser abordada no remate do discurso, com cerca de meia hora. “Quero dizer aqui, que o PS de António Costa pode ser derrotado, se nós soubermos corporizar e consolidar a alternativa”, afirmou, dirigindo-se directamente aos militantes.”Com esta candidatura, e com este candidato, o PSD está de volta” . 

Se for eleito, Paulo Rangel renuncia ao mandato no Parlamento Europeu (para onde foi eleito pela primeira vez em 2009). Assegurou ainda que pretende ter uma “relação estreitíssima” com a bancada parlamentar, desvalorizando o facto de, actualmente, não ser deputado. 

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